ALIENS

Não foi dessa vez: nenhum sinal alienígena é encontrado em 10 milhões de astros

Na mais recente busca por tecnologia extraterrestre, pesquisadores australianos analisaram ao redor da constelação Vela utilizando um radiotelescópio com mais de 4 mil antenas. Estudo é considerado o mais 'profundo' e 'abrangente' já feito

Maíra Alves
postado em 09/09/2020 16:58 / atualizado em 09/09/2020 17:02
Algumas das antenas do radiotelescópio MWA, na Austrália -  (crédito: John Goldsmith/Divulgação)
Algumas das antenas do radiotelescópio MWA, na Austrália - (crédito: John Goldsmith/Divulgação)

Na mais recente busca por tecnologia extraterrestre, nenhum sinal de vida alienígena foi encontrado ao redor da constelação Vela — uma região com mais de 10 milhões de astros. Os astrônomos utilizaram o radiotelescópio Murchison Widefield Array (MWA), com 4.096 antenas, localizado na cidade de Murchisin, na Austrália Ocidental, no que é considerada a busca mais profunda e abrangente de baixas frequências.

O estudo foi publicado na última segunda-feira (7/9) na revista da Sociedade Australiana de Astronomia. A astrofísica e coautora da pesquisa Chenoa Tremblay, astrônoma do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), órgão destinado à pesquisa científica na Austrália, explica que o MWA estava buscando tecnoassinaturas — sinais de rádio vindos de fora da Terra — com frequências parecidas às radiofrequências FM, que poderiam vir a ter origens alienígenas.

Milhões de estrelas

Para a professora Tremblay, o “MWA é um telescópio único, com um campo de visão incrivelmente amplo que nos permite observar milhões de estrelas simultaneamente”. Assim, eles utilizaram este poder de observação para analisar a área do céu próxima à constelação Vela ao longo de 17 horas, de forma mais ampla e profunda do que jamais feito.

Para o professor Steven Tingay, do Curtin University node of the International Centre for Radio Astronomy Research (ICRAR), e também coautor do estudo, apesar da abrangência da área analisada, o resultado não surpreende. “Embora este seja um estudo muito grande, a quantidade de espaço que observamos é o equivalente a tentar encontrar alguma coisa nos oceanos da Terra, mas procurar em um volume de água equivalente a uma piscina no quintal de casa”, compara.

A pesquisa, no entanto, conseguiu captar sons de mais de 10,3 milhões de fontes estelares e de seis exoplanetas previamente descobertos, embora provavelmente muitos mais existam na região.

Além disso, no estudo eles assumem que, se há uma tecnologia alienígena, ela tem uma cara semelhante à da Terra. Mas também pode haver a possibilidade de ela não ter desenvolvido a capacidade de se comunicar por meio de sinais de rádio. Entretanto, os astrônomos ressaltam que este não é o fim e que ainda existe um longo caminho a ser percorrido nesta busca.

Como seria um sinal extraterrestre?

Segundo Tremblay, é usada a mesma lógica de um alarme, de carro, por exemplo, que não para de soar.

"Imagine um alarme de um carro, daqueles quando você deixa as luzes acesas. Há uma série de sons de 'ping' contínuos e igualmente espaçados. A pesquisa procura por um ‘ping’ repetido que pode escapar do ruído de um planeta ou um sinal construído para esse fim", explica.

Para realizar a análise, os pesquisadores pegaram carona em outro projeto que também estuda a região da constelação Vela, com o objetivo de entender o ciclo de vida das estrelas. O local possui condições ideais para pesquisa por causa do grande número de estrelas mortas, o que propicia a formação de novos astros.

Radiotelescópios

Futuramente, o MWA não estará mais sozinho. A previsão é de que seja construído o telescópio SKA de baixa frequência também na Austrália Ocidental. A ferramenta permitirá que os pesquisadores encontrem sinais de rádio de sistemas planetários próximos, segundo Tingay.

“Com o SKA, vamos conseguir estudar bilhões de sistemas estelares, procurando tecnoassinaturas em um oceano astronômico de outros mundos”.

O MWA está localizado em uma instalação remota e silenciosa. O SKA será construído no mesmo local, mas com sensibilidade 50 vezes maior que o anterior.

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