Trinta e sete dias depois das explosões no porto de Beirute, que deixaram mais de 190 mortos, um gigantesco incêndio em um armazém no mesmo local espalhou o pânico entre os moradores da capital libanesa. As chamas espalharam-se pela zona franca e afetaram um depósito onde a Cruz Vermelha estoca suprimentos significativos de comida. Ninguém morreu.
Espessas colunas de fumaça preta eram visíveis de vários pontos da cidade, aumentando a apreensão da população, ainda traumatizada pela tragédia de 4 de agosto. Seis horas após o início do incêndio, os bombeiros ainda lutavam contra as chamas. As forças de segurança fecharam a circulação das estradas próximas ao porto.
“O incêndio de hoje pode ser um ato de sabotagem intencional ou resultado de um erro técnico (...) ou negligência”, disse o presidente libanês, Michel Aoun, no início de uma reunião do Conselho Superior de Defesa. Ele exigiu que “os responsáveis sejam responsabilizados”.
Segundo nota do ministro dos Transportes e Obras Públicas, Michel Najjar, alguns trabalhadores manuseavam serras elétricas e as faíscas iniciaram o fogo. No armazém, estavam estocados óleo para motor e rodas de carro, informou o Exército libanês em um comunicado.
“Estávamos trabalhando e, de repente, houve gritos pedindo que saíssemos”, contou Haitham, acrescentando: “Estávamos fazendo serviços de soldagem. Não sabemos o que aconteceu”.
Também por meio de uma nota, a Cruz Vermelha destacou que em seu depósito estavam milhares de embalagens de alimentos. “Nossas operações humanitárias podem ser gravemente afetadas”, assinalou a entidade.
Nas redes sociais, vídeos mostraram uma imensa bola de fogo e uma densa fumaça preta. “Não podemos lidar com um novo trauma”, reagiu uma internauta.
“Onde vivemos? É o cenário de um crime que ocorreu há um mês! Onde está a justiça?”, indignou-se Omar Nachaba, pesquisador em criminologia e defensor dos direitos humanos, entre temores de que a investigação da explosão de 4 de agosto seja feita de qualquer jeito.
A tragédia do mês passado também teve origem em um incêndio. Além das quase duas centenas de mortos, a tragédia deixou mais de 6,5 mil feridos. Áreas importantes da capital foram devastadas.
A explosão foi provocada por uma grande quantidade de nitrado de amônio armazenado há seis anos sem medidas de segurança. No depósito, havia cerca de 2.750 toneladas desse fertilizante químico, usado como componente de explosivos.
As principais autoridades do Estado, a começar pelo presidente e pelo então primeiro-ministro Hassan Diab, forçado a renunciar, estavam cientes do perigo. Isso gerou uma grande indignação na população, que há muito tempo denuncia a incompetência e a corrupção de seus líderes.
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