Líbano

Bombeiros acabam com incêndio que destruiu ajuda humanitária em Beirute

O incêndio começou na quinta-feira (10/9) no porto de Beirute, em um armazém do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) com importantes estoques de comida e ajuda

Agência France-Presse
postado em 11/09/2020 09:06 / atualizado em 11/09/2020 09:09
Grossas colunas negras de fumaça subiram para o céu, enquanto o exército disse que o fogo havia engolido um depósito de óleo de motor e pneus de veículos. -  (crédito: ANWAR AMRO / AFP)
Grossas colunas negras de fumaça subiram para o céu, enquanto o exército disse que o fogo havia engolido um depósito de óleo de motor e pneus de veículos. - (crédito: ANWAR AMRO / AFP)

Os bombeiros libaneses extinguiram nesta sexta-feira as últimas chamas do grande incêndio registrado na véspera no porto de Beirute, que destruiu um estoque considerável de ajuda humanitária e provocou o retorno do trauma da explosão de agosto.

Em meio a depósitos destruídos pela gigantesca explosão de 4 de agosto, mas ainda repletos de mercadorias, os bombeiros trabalhavam para impedir o reinício das chamas, em um cenário tomado pela fumaça.

O incêndio começou na quinta-feira em um armazém do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) com importantes estoques de comida e ajuda, incluindo milhares de pacotes de alimentos e meio milhão de litros de óleo, de acordo com um comunicado da organização.

"Nossas operações humanitárias podem ser muito afetadas", afirmou a Cruz Vermelha, em referência à ajuda reservada ao Líbano e à vizinha Síria.

A Defesa Civil libanesa afirmou em um comunicado divulgado nesta sexta-feira que as chamas foram controladas e citou uma operação de "resfriamento para evitar o reinício do incêndio".

As chamas de quinta-feira provocaram pânico entre a população.

De acordo com informações preliminares do governo, trabalhadores estavam utilizando uma serra elétrica e as faíscas provocaram o início do incêndio.

O incidente de quinta-feira recordou os libaneses do fatal 4 de agosto, quando aconteceu uma gigantesca explosão no porto, provocada por um incêndio em um depósito que armazenava nitrato de amônio.

A tragédia deixou pelo menos 190 mortos e mais de 6.500 feridos e devastou partes importantes da capital de um país já muito afetado por uma grave crise econômica e política.

A explosão aumentou a indignação da população, que sofre com o desemprego e a desvalorização da moeda, e já denunciava a incompetência e a corrupção dos políticos.

Desde 4 de agosto a ajuda à população afetada foi organizada em grande parte pela sociedade civil, por ONGs e voluntários, enquanto as autoridades eram criticadas pela falta de mobilização diante da tragédia.

Antoine Assaad, morador do bairro de Mar Mikhael próximo ao porto e devastado pela explosão, continua atormentado pela falta de medidas de segurança e relata cenas de caos na quinta-feira.

"O que aconteceu ontem foi uma repetição de 4 de agosto" afirma. "As pessoas viveram o terror e fugiram como conseguiram", completa.

A enorme explosão de 4 de agosto foi provocada por uma grande quantidade de nitrato de amônio armazenado há seis anos, sem medidas de segurança, admitiram as autoridades.

O depósito tinha quase 2.750 toneladas do fertilizante químico, também utilizado como componente de explosivos.

"O incêndio (de quinta-feira) não pode ser justificado em nenhum caso", afirmou no Twitter o primeiro-ministro libanês designado Mustapha Adib, que tenta formar um novo governo.

O Executivo anterior renunciou após a explosão.

Adib pediu aos responsáveis que "prestem contas para impedir que voltem ocorrer eventos tão dolorosos".

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