A semana decisiva para o presidente peruano, Martín Vizcarra, começa com sinais de que a tentativa de tirá-lo do cargo pode ter perdido forças. Ontem, líderes opositores rejeitaram o impeachment alegando que as denúncias precisam ser melhor investigadas e que há o risco de o país mergulhar em uma grave crise política. Na última sexta-feira, o Congresso aprovou, por 65 votos, o processo de destituição do presidente por “incapacidade moral”. Ele é acusado de pedir a colaboradores que mentissem em uma investigação sobre um contrato polêmico envolvendo um cantor, conforme áudios divulgados um dia antes. Nesta sexta-feira, a saída de Vizcarra será votada pelos legisladores.
Uma das principais adversárias do governo, Keiko Fujimori criticou a moção e pediu que o Congresso atue com “cautela”. “Até hoje, não existem elementos suficientes nem procedimentos necessários para destituir o presidente”, afirmou, em vídeo publicado nas redes sociais. A primogênita do ex-presidente Alberto Fujimori e líder do partido Força Popular disse que destituir Vizcarra é uma medida extrema, que deve ser tomada após se esgotarem todas as outras vias. “Se no caminho aparecerem elementos adicionais que nos mostrem que essa medida é indispensável, não hesitaremos em apoiá-la. Até que isso aconteça, devemos esgotar as outras possibilidades”, assinalou.
Chefe do Alianza para el Progreso, segundo maior partido no Congresso, e possível candidato nas eleições presidenciais de 2021, César Acuña disse que o impeachment “só poderia agravar” a situação atual do país, bastante fragilizado pela pandemia. Seu partido foi responsável por 21 dos 65 votos que abriram o processo de destituição de Vizcarra. Nesta sexta-feira, para que o centrista seja retirado do cargo, serão necessários 87 votos dos 130 legisladores.
Complô
O governo acusa o presidente do Congresso, Manuel Merino, de tentar “envolver militares” em um complô para o impeachment. Merino teria entrado em contato, de forma irregular, com chefes militares com esse objetivo. “Fomos testemunhas de um fato gravíssimo, com a participação do presidente do Congresso, de tentar envolver as Forças Armadas em um processo político no qual não têm que ter nenhuma participação”, declarou o premier e general reformado Walter Martos.
Merino negou a versão de complô, mas admitiu que se comunicou com o chefe da Marinha para lhe explicar o que o Congresso faz em um contexto de crise política. Segundo a constituição peruana, caso Vizcarra seja destituído, Merino deverá assumir a Presidência até o fim do atual mandato, em 28 de julho de 2021.
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