Bogotá, Colômbia - Indígenas colombianos derrubaram com cordas, nesta quarta-feira, uma estátua de Sebastián de Belalcázar, conquistador espanhol do século XVI, em repúdio à violência que enfrentaram historicamente, justificaram porta-vozes.
Vídeos publicados em redes sociais mostram dezenas de indígenas do sudoeste colombiano derrubando o monumento do conquistador a cavalo, na presença de três policiais. Com gritos, os manifestantes comemoraram o momento em que a estátua do fundador das cidades de Cali e Popayán atingiu o chão, após cair de seu pedestal.
"Com a força das pessoas, conseguiu-se derrubar, como ato simbólico de repúdio a tanto extermínio dos povos", disse Diana Jembuel, do povoado indígena Misak. Segundo ela, o fato ocorreu como parte de uma mobilização convocada pelos povos indígenas Misak, Nasa e Pijao para protestar "contra o extermínio físico e cultural dos povos indígenas do Cauca e os diferentes líderes sociais do país".
O prefeito de Popayán, Juan Carlos López, criticou a ação dos indígenas, que considerou "um ato violento contra um símbolo de uma cidade que é multicultural". Ele afirmou que o monumento será restaurado, e ressaltou que "a discussão cultural e histórica pode ocorrer, mas não com violência".
Os indígenas travam uma disputa histórica por terras naquela região da Colômbia. Os povos originários enfrentam, ainda, a violência dos grupos financiados pelo narcotráfico, após o acordo de paz que desarmou a outrora poderosa guerrilha marxista das Farc.
A estátua de Belalcázar, que também estabeleceu as bases das cidades de Quito e Guayaquil, no Equador, foi instalada em 1937, em um morro vizinho a Popayán. Diana Jembuel explicou que, para o povo Misak, Belalcázar "foi um dos líderes que criaram a escravidão, exterminaram os povos indígenas e massacraram os povos afros" naquela região. "As pessoas da oligarquia queriam que essa estátua estivesse em Popayán."
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