Dois homens foram condenados à morte nesta terça-feira (22/9) por terem provocado um incêndio deliberado em uma fábrica de roupas em Karachi (sul do Paquistão) em 2012, no qual morreram mais de 260 pessoas.
Os réus incendiaram a fábrica da empresa Ali Enterprises em 11 de setembro de 2012, depois que seus proprietários se recusaram a pagar propina, segundo a Justiça.
Os condenados "serão enforcados até morrerem", diz a sentença de um tribunal antiterrorista de Karachi, megalópole do Paquistão com mais de 20 milhões de habitantes.
"O tribunal os condenou a 264 sentenças de morte por matar o mesmo número de pessoas", informou à AFP o procurador Sajid Mehmood Sheikh, que considerou as sentenças "muito apropriadas".
Ambos os réus eram membros do Movimento Muttahida Qaumi (MQM), um partido que controlou Karachi por décadas.
O MQM é acusado pelo assassinato de opositores e extorsão de fundos de empresas, até que uma operação das forças de ordem em 2013 enfraqueceu significativamente seu controle sobre a cidade.
O tribunal, no entanto, absolveu nesta terça um deputado provincial do MQM e três outras pessoas no mesmo caso.
Esse incêndio ainda é considerado um dos piores desastres industriais da história do Paquistão.
A catástrofe expôs as péssimas condições de trabalho dos trabalhadores têxteis do Paquistão e o dilema dos industriais locais, às vezes inclinados a sacrificar a segurança de seus trabalhadores pelo interesse de exportar mais.
O prédio da fábrica, em terríveis condições, estava lotado, com as janelas cobertas por mosquiteiros e as escadas cheias de mercadorias no momento do incêndio. A fábrica também não tinha saída de emergência nem ventilação adequada, segundo denunciaram as autoridades e funcionários e, apesar disso, tinha obtido um certificado de segurança de um escritório de auditoria europeu.
Grande parte da sua produção era comprada pela empresa alemã KIK, que desde então pagou 6 milhões de dólares (cerca de 5,1 milhões de euros) em indenizações às famílias das vítimas.
A KIK, que se orgulha em seu site de vestir os seus clientes da cabeça aos pés "por menos de 30 euros", refuta, no entanto, qualquer erro que implique a sua responsabilidade naquele desastre.
O grupo escapou de um julgamento em solo alemão em janeiro de 2019, quando um tribunal de Dortmund concluiu que as reivindicações das partes civis haviam prescrito.
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