Nicolás Maduro

EUA punem políticos da Venezuela por 'arruinar a democracia'

Com isso, todos os seus bens e ativos sob jurisdição dos Estados Unidos ficarão bloqueados e eles serão proibidos de realizar qualquer transação

Agência France-Presse
postado em 22/09/2020 18:32 / atualizado em 22/09/2020 23:00
 (crédito: MARCELO GARCIA / VENEZUELAN PRESIDENCY / AFP)
(crédito: MARCELO GARCIA / VENEZUELAN PRESIDENCY / AFP)

Os Estados Unidos puniram nesta terça-feira cinco políticos da Venezuela, acusando-os de "cumplicidade" com o presidente Nicolás Maduro na "manipulação" do processo que antecede as eleições parlamentares, medida que o presidente venezuelano chamou de "extorsão".

Miguel Ponente, Guillermo Luces, Bernabé Gutiérrez, Chaim Bucaran e Williams Benavides foram incluídos na lista negativa do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), disse o Tesouro.

Com isso, todos os seus bens e ativos sob jurisdição dos Estados Unidos ficarão bloqueados e eles serão proibidos de realizar qualquer transação com indivíduos e entidades americanas.

"Essas pessoas (...) agiram como parte de um esquema maior para manipular as eleições parlamentares" de 6 de dezembro "ao colocar o controle dos partidos de oposição venezuelanos nas mãos de políticos associados ao regime de Nicolás Maduro, arruinando qualquer questionamento opositor credível", disse o Tesouro em um comunicado.

Maduro, sob cuja gestão o país que possui as maiores reservas de petróleo mergulhou na pior crise de sua história recente, repudiou as sanções em pronunciamento transmitido nesta terça-feira pela TV do governo. "Expresso meu repúdio, meu rechaço absoluto às ultimas sanções contra líderes legítimos da oposição venezuelana que inscreveram suas candidaturas. Rechaço absolutamente essas medidas de extorsão, chantagem, perseguição, típicas de uma máfia, e não de um governo de um país decente", expressou.

O governo americano, que não reconhece o segundo mandato de Maduro iniciado em 2019 por considerá-lo resultado de eleições "fraudulentas", também classifica como "farsa" a votação parlamentar convocada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

"Muitos dos políticos mais populares da Venezuela não têm permissão para concorrer às eleições, vários partidos da oposição foram cooptados, não há máquinas de voto testadas nem confiáveis", disse o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em nota.

"Milhões de eleitores venezuelanos ainda não constam nos cadernos eleitorais, há presos políticos que permanecem indefinidamente confinados nas prisões venezuelanas e quem fiscaliza tudo isso é uma CNE manipulada, com membros que o mesmo regime ilegítimo nomeou", acrescentou.

'Corrupção flagrante'

Washington, que impôs uma bateria de sanções, entre elas um embargo petroleiro vigente desde abril de 2019, promove a saída do poder de Maduro, para a realização de novas eleições "livres e justas".

"Os Estados Unidos seguem comprometidos a responsabilizar o regime de Maduro e seus apoiadores por sua corrupção flagrante, para garantir que o povo venezuelano consiga ter as eleições livres e justas que merece", declarou o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin.

Entre os sancionados pelo Tesouro estão funcionários e ex-funcionários de partidos de oposição, dos quais foram expulsos por suposta participação em um esquema de compra de votos que teria sido liderado por Maduro ou por "conspirar" com ele para forçar a participação do partido nas eleições.

O líder opositor Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional e reconhecido pelos Estados Unidos e cerca de 60 nações como presidente interino da Venezuela, promove, com 30 partidos, um boicote às eleições parlamentares. O chavismo, por sua vez, busca retomar o controle do Parlamento, único poder nas mãos da oposição, conquistado com uma vitória esmagadora em dezembro de 2015.

"Apoiamos o presidente interino Guaidó e aqueles que defendem a democracia da Venezuela em seus avanços para a restauração de uma Venezuela democrática", disse Pompeo.

 

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