ESTADOS UNIDOS

Trump mira eleitores da Flórida

Num movimento para conquistar votos no estado, presidente adota medidas contra o setor de turismo de Cuba, entre elas, restrições à hospedagem de americanos em propriedades do governo, bem como à importação de bebidas e de tabaco

Correio Braziliense
postado em 23/09/2020 23:21
 (crédito: Chip Somodevilla/AFP)
(crédito: Chip Somodevilla/AFP)

A 40 dias das eleições presidenciais, Donald Trump, candidato à reeleição, fez um aceno, ontem, ao eleitorado da Flórida com um endurecimento das sanções contra o setor de turismo de Cuba. Entre outras medidas, pessoas sujeitas à jurisdição dos Estados Unidos estão proibidas de se hospedarem em propriedades designadas como pertencentes ao governo de Havana.


“As mudanças restringem a acomodação em certas propriedades em Cuba; a importação de bebidas alcoólicas de origem cubana e de tabaco; a assistência ou a organização de reuniões profissionais, ou de conferências em Cuba; e a participação em determinados eventos públicos”, informou o Departamento do Tesouro, em um comunicado.


Considerada um forte bastião eleitoral, com 29 delegados, a Flórida abriga uma importante colônia de cubanos que se opõe a Havana. Depois de seis meses, pesquisas divulgadas ontem deram ao republicano vantagem sobre o democrata Joe Biden no estado.


Há quatro anos, o magnata venceu na Flórida. Na Casa Branca, Trump reverteu a política de abertura em relação a Cuba iniciada por seu antecessor democrata, Barack Obama, lançando uma bateria de sanções econômicas para restringir as receitas cambiais da ilha.

Homenagem

Ontem, o presidente dos EUA homenageou os veteranos da fracassada invasão da Baía dos Porcos que tentaram derrubar Fidel Castro, em 1961. Também lembrou os 40 anos de exílio em massa de cubanos nos Estados Unidos conhecido como o êxodo de Mariel.


“O governo cubano tem redirecionado a receita das viagens autorizadas para seu próprio benefício, muitas vezes às custas do povo cubano”, disse o secretário do Tesouro, Steven T. Mnuchin, ao falar das novas medidas. O diretor-geral para os Estados Unidos da chancelaria cubana, Carlos Fernández de Cossío, denunciou uma “nova medida de agressão”.


Fernández reagiu com ironia à homenagem aos veteranos da fracassada invasão. “O presidente Trump, em um curioso movimento eleitoral, encontra resquícios da brigada mercenária que o governo dos Estados Unidos lançou na agressão militar contra Cuba em 1961 e que, apesar de suas poderosas armas e árdua preparação militar, foi derrotada em menos de 72 horas”, afirmou no Twitter.


Com a atualização das restrições, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac) proibirá qualquer pessoa sujeita à jurisdição dos Estados Unidos de permanecer, pagar por acomodação ou fazer uma reserva para si ou para terceiros em qualquer propriedade identificada pelo Departamento de Estado como propriedade do governo de Cuba.


O regulamento também afeta as propriedades nas mãos de funcionários sancionados ou membros do Partido Comunista de Cuba designados com restrições ou seus parentes próximos.

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Justiça indicia só um policial

A juíza Annie O’Connell, de Kentucky, indiciou, ontem, um dos três policiais envolvidos na morte de Breonna Taylor, em março passado. A enfermeira, uma americana negra de 26 anos, foi baleada dentro de casa em março durante uma intervenção, que foi denunciada nas manifestações contra o racismo nos Estados Unidos.
O policial Brett Hankison vai responder por crime de conduta perigosa ao próximo, menos grave do que uma acusação de homicídio. A magistrada determinou a prisão do agente e estabeleceu uma fiança de US$ 15 mil. Hankison foi demitido em junho, assim como os outros dois que o acompanhavam.
O caso de Taylor foi especialmente lembrado durante a onda de protestos contra a violência policial e o racismo que abalou os Estados Unidos depois do assassinato de George Floyd, em 25 de maio, asfixiado por um policial branco em Minneapolis.
No caso de Taylor, os policiais entraram na casa dela com um mandado especial, vestidos à paisana. Seu namorado atirou porque, segundo ele, pensou que eram ladrões. Os policiais, que não estavam com a câmera reguladora ativada, dispararam várias vezes contra Taylor. Na semana passada, a família da enfermeira chegou a um acordo civil com a cidade de Louisville para receber uma indenização de US$ 12 milhões.

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