Marrocos abre investigação contra ativistas pela independência do Saara

Principal cidade do Saara Ocidental, El Aiune é uma ex-colônia espanhola em grande parte controlada pelo Marrocos desde 1975

Agência France-Presse
postado em 29/09/2020 21:58
 (crédito: Reprodução/Google)
(crédito: Reprodução/Google)

A justiça do Marrocos anunciou nesta terça-feira (29) o início de uma investigação após a recente criação de um organismo contrário à "ocupação marroquina" do Saara Ocidental, iniciada por militantes saharauis, como Aminatou Haidar, figura midiática pró-independência.

O procurador do rei em El Aiune anunciou em um comunicado a abertura de um "inquérito judicial a partir de informações divulgadas sobre a realização do suposto congresso que constitui 'a instância saharaui contra a ocupação marroquina'”.

Principal cidade do Saara Ocidental, El Aiune é uma ex-colônia espanhola em grande parte controlada pelo Marrocos desde 1975, onde o movimento Frente Polisário, apoiado pela Argélia, reivindica a independência. Rabat rejeita qualquer solução que não seja a autonomia sob sua soberania.

Segundo a imprensa marroquina, a nova organização alvo da justiça marroquina foi criada em 20 de setembro em El Aiune por militantes saharauis pró-independência, entre os quais se destaca Aminatou Haidar.

Sua criação é um "atentado à integridade territorial do reino e envolve um claro incitamento à prática de atos contrários ao Código Penal", segundo a justiça do Marrocos.

A investigação "permitirá a tomada das medidas judiciais cabíveis para preservar a ordem pública e levará a uma sanção legal pela violação da integridade territorial do reino", segundo a mesma fonte.

Aminatou Haidar ficou conhecida em 2009, depois de protagonizar uma verdadeira luta contra as autoridades marroquinas. Naquela época, a ativista fez uma greve de fome por mais de um mês para protestar contra sua expulsão do aeroporto de El Aiune para as Ilhas Canárias, na Espanha, pelas autoridades marroquinas.

Rabat a culpou por ter se recusado a cumprir as formalidades necessárias e por ter negado sua nacionalidade marroquina. Sob pressão internacional, as autoridades do reino finalmente permitiram que a ativista de direitos humanos retornasse a El Aiune.

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