Crime

Polícia indiana é acusada de cremar corpo de vítima de estupro sem autorização

A jovem de 19 anos foi vítima de um estupro coletivo. Seu corpo foi confiscado pela polícia e incinerado contra a vontade da família dela

Agência France-Presse
postado em 30/09/2020 10:12
Restos mortais da pira funerária da mulher de 19 anos, supostamente estuprada por quatro homens, nos arredores da vila de Bool Garhi em Hathras em Uttar Pradesh em 30 de setembro de 2020. -  (crédito: Prakash SINGH / AFP)
Restos mortais da pira funerária da mulher de 19 anos, supostamente estuprada por quatro homens, nos arredores da vila de Bool Garhi em Hathras em Uttar Pradesh em 30 de setembro de 2020. - (crédito: Prakash SINGH / AFP)

A polícia indiana foi acusada nesta quarta-feira (30/9) de ter incinerado, contra a vontade da família, o corpo da jovem indiana que morreu após ser vítima de um estupro em grupo, em um caso que comoveu o país.

A vítima pertencia à casta dalit, antes conhecida como os "intocáveis", uma comunidade discriminada e posicionada no nível mais baixo da escala social no rígido sistema indiano.

A vítima, de 19 anos, foi atacada em 14 de setembro por quatro homens no estado de Uttar Pradesh, norte do país, segundo a denúncia apresentada por sua família à polícia. A jovem foi encontrada com vários sangramentos e paralisada pelos ferimentos no pescoço e na coluna vertebral e morreu na terça-feira. Os quatro suspeitos foram presos.

O caso gerou uma onda de indignação nas redes sociais. Manifestações estão previstas para esta quarta-feira em Nova Délhi e em Lucknow, capital do estado de Uttar Pradesh.

Na terça-feira houve confrontos entre a polícia e os manifestantes em frente ao hospital onde a jovem morreu.

A família afirmou que o corpo foi confiscado pela polícia na chegada à cidade natal, apesar de os moradores e familiares terem tentado impedir a medida. Os pais explicaram que queriam que o corpo de sua filha repousasse na casa da família por algumas horas, para que as pessoas pudessem prestar uma última homenagem.

"Nós imploramos, mas não nos ouviram", disse o irmão da jovem, em declarações ao jornal Indian Express. Os membros da família foram obrigados a assistir a cremação.

O chefe da polícia local, Vikrant Vir, desmentiu as acusações e garantiu que a jovem foi cremada com a autorização de sua família.

O crime ocorreu após a execução, em 20 de março, de quatro homens pelo estupro em grupo de uma jovem estudante em um ônibus em Nova Délhi em dezembro de 2012, um crime que chocou o país e o mundo.

A violência sexual contra mulheres de qualquer casta e nível social é preocupante neste país de 1,3 bilhão de habitantes. Em 2019, foi registrada uma média de 87 estupros por dia na Índia e os crimes contra as mulheres aumentaram em mais de 7% em relação ao ano anterior, segundo dados oficiais publicados nesta semana. Ainda assim, os especialistas estimam que muitos estupros não são denunciados.

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