O governo do presidente Donald Trump anunciou uma nova redução da cota de refugiados admitidos nos Estados Unidos com o limite de 15.000 pessoas em 2021, um mínimo histórico com o qual visa reforçar sua dura política migratória com vistas à eleição presidencial de novembro.
O Departamento de Estado fez o anúncio na noite de quarta-feira (30), meia hora antes do início do ano orçamentário de 2021 nesta quinta, 1º de outubro, respeitando no limite o prazo estabelecido pela lei. Nos próximos 12 meses, um máximo de 15.000 refugiados poderão ser admitidos no país a menos que não haja uma mudança na administração, contra os 18.000 refugiados autorizados este ano.
O número caiu para seu nível mais baixo e representa uma quantidade muito pequena em relação às 100.000 pessoas recebidas anualmente durante o governo do presidente anterior, Barack Obama.
Trump, que fez do combate à migração uma de suas prioridades, já suspendeu as admissões de refugiados durante meses neste ano, com a justificativa da pandemia de covid-19. Ao apresentar a medida, o Departamento de Estado argumentou que os Estados Unidos buscam ajudar os refugiados "o mais próximo possível de suas casas", para que possam retornar.
"Ao nos concentrarmos primeiro em acabar com os conflitos que envolvem os deslocamentos e fornecendo uma ajuda humanitária no exterior para proteger e ajudar as pessoas deslocadas, podemos prevenir os efeitos desestabilizadores desses deslocamentos nos países afetados e seus vizinhos", alegou em um comunicado.
Os defensores dos refugiados imploraram ao governo de Trump que aumentasse as admissões, devido aos conflitos mundiais e à nova instabilidade gerada pela pandemia. "A ação do presidente é decepcionante, mas não surpreende", disse Eric Schwartz, presidente da Refugees International.
"Faz parte de uma estratégia geral de alarmismo e difamação dos refugiados", completou Schwartz, que esteve encarregado da política para os refugiados no governo Obama.
Manar Waheed, da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), disse que Trump está tentando eliminar os sistemas de imigração "para detê-los e garantir que os imigrantes negros e pardos não tenham refúgio em nossa nação".
"Nenhum país mais generoso"
Quase 80 milhões de pessoas em todo mundo tiveram de abandonar suas casas, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Esse número dobrou em dez anos. O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, comprometeu-se a aumentar o número de refugiados admitidos para 125.000, alegando que a recepção de pessoas perseguidas faz parte dos valores americanos.
A campanha de Trump publicou anúncios afirmando que a postura de Biden sobre os refugiados mostra que o democrata é "fraco" e que receberá pessoas de lugares "perigosos". Questionado sobre essas reduções, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse na terça-feira que não há "nenhum país mais generoso que Estados Unidos" na prestação de assistência humanitária.
Os Estados Unidos acolheram "mais refugiados do que qualquer outro país nos últimos 20 anos", destacou ele em uma coletiva de imprensa em Roma
Durante anos, os Estados Unidos receberam mais refugiados do que os demais países juntos. No ano passado, porém, foi superado pelo Canadá, que autorizou a entrada de mais de 30.000 migrantes, conforme dados da ONU.
Durante sua campanha de 2016, o presidente prometeu reduzir o número de imigrantes mexicanos e muçulmanos e criticou a chanceler alemã, Angela Merkel, por dar as boas-vindas a milhares de migrantes, incluindo sírios.
Por outro lado, o Departamento de Estado mencionou a necessidade de uma "solução diplomática" na Venezuela, onde Washington tenta tirar do poder o presidente Nicolás Maduro, por considerar sua reeleição em 2018 fraudulenta.
Cerca de cinco milhões de venezuelanos fugiram de seu país desde o final de 2015, devido à crise política e econômica.
Em uma visita à América do Sul na semana passada, Pompeo visitou refugiados venezuelanos e elogiou que Colômbia e Brasil os recebam. A Síria continua sendo a principal origem de refugiados do mundo, depois de quase uma década de guerra civil.
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