“Eu entrarei em contato com você. Estou muito desapontada agora”, afirmou ao Correio Bridgett Floyd, pouco depois de saber que o policial branco que matou o irmão dela foi solto mediante pagamento de fiança estipulada em US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,61 milhões). Em 25 de maio passado, Derek Chauvin assassinou o cidadão negro George Floyd, 46 anos, depois de ajoelhar-se sobre o pescoço dele durante 8 minutos e 46 segundos.
O crime foi filmado por testemunhas, e as cenas viralizaram na internet. A morte de Floyd, em Minneapolis (Minnesota), desencadeou a maior onda de protestos contra o racismo nos EUA nas últimas seis décadas.
Chauvin, 44 anos, deverá ser julgado em março de 2021 com os três ex-colegas, acusados de cumplicidade. Os quatro policiais (Chauvin, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao) solicitaram o arquivamente das acusações, sob a justifcativa de que George resistiu à prisão.
Ben Crump, advogado da família de Floyd, lamentou que Chauvin “comprou” sua liberdade “depois de roubar a vida de George Floyd por US$ 20” — a vítima foi abordada pela polícia sob suspeita de ter usado uma nota falsa de US$ 20 em uma loja. “Sua libertação sob fiança é um doloroso lembrete à família de George de que ainda estamos muito longe de obter justiça”, admitiu Crump.
Desabafo
Mallory Jackson, 44, morador de Houston e amigo de George Floyd, disse ao Correio não esperar uma punição. “Antes, durante e depois do assassinato de Floyd, a polícia matou e continuará a matar afro-americanos livremente, sem qualquer tipo de responsabilização. Veremos fianças baixas e nenhuma reforma. Como você reprograma o ódio internalizado e que foi ensinado, durante anos, a um indivíduo? Não há reforma para isso em lugar nenhum!”, desabafou.
“Eu lhe direi o que precisa ocorrer: nossas pessoas de cor precisam se levantar e responsabilizar esses indivíduos no local do crime. Em vez de gravar e gritar, começar a reagir e a proteger o próximo. Especialmente porque aqueles que são pagos para fazer isso estão fazendo exatamente o contrário! Eles não têm medo de nós. Eles nos odeiam!”, acrescentou Mallory Jackson. (RC)
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