Covid-19

América Latina sofrerá pior impacto da pandemia; Madri em estado de alerta

Na última quarta-feira, o México superou 800 mil casos e 83 mil mortos pelo novo coronavírus

Agência France-Presse
postado em 09/10/2020 20:59
 (crédito: MIGUEL RIOPA / AFP)
(crédito: MIGUEL RIOPA / AFP)

A região América Latina e Caribe sofrerá "o pior impacto econômico e sanitário do mundo devido à pandemia de Covid-19, previu o Banco Mundial nesta sexta-feira, quando a Espanha decretou estado de alerta em Madri, numa semana em que o número de casos disparou na Europa.

O BM divulgou hoje uma estimativa de queda do PIB regional de 7,9% em 2020, e que a recuperação terá início em 2021, com um crescimento estimado de 4%.

"Nossa região suporta o pior impacto econômico e em saúde devido à covid-19 em todo o mundo", disse o vice-presidente do Banco Mundial para a região, Carlos Felipe Jaramillo. "O número de mortos por milhão de pessoas é tão alto quanto nas economias avançadas, se não for maior, mas os recursos disponíveis para enfrentar o impacto são muito mais restritos."

Na última quarta-feira, o México superou 800 mil casos e 83 mil mortos pelo novo coronavírus, segundo cifras oficiais, que o tornam o quarto país mais enlutado do mundo em termos absolutos e segundo da região, atrás do Brasil.

Confinamento em Madri

Na Europa, as infecções por Covid-19 dispararam esta semana, situação que levou o governo espanhol a decretar estado de alerta em Madri nesta sexta-feira. A medida vale por 15 dias para a capital e municípios vizinhos, depois que a Justiça anulou a decisão do governo de confinar parte da região de Madri há uma semana.

A taxa de contágio na capital é de 700 casos a cada 100 mil habitantes, mais do que o dobro do restante do país. Com a decisão do governo, o perímetro de confinamento é restabelecido, afetando cerca de 4,5 milhões de pessoas. "Devem ser tomadas medidas para proteger a saúde dos residentes de Madri e evitar que isto se espalhe para outras comunidades autônomas", alegou o ministro da Saúde, Salvador Illa.

Com a chegada do outono europeu, e sem vacina ou remédio eficaz, o vírus continuava a circular em ritmo acelerado. A resistência em Madri acontece depois dos problemas enfrentados pelo governo francês no mês passado ao fechar bares e restaurantes de Marselha. Desde então, os fechamentos parciais se estenderam a Paris e outras grandes áreas urbanas, enquanto outras quatro cidades francesas entraram em alerta máximo ontem.

O vírus manteve esta semana sua progressão no mundo, com uma média de 315 mil novos casos diários, 6% a mais do que na semana anterior, segundo um balanço da AFP. O aumento foi novamente mais marcante na Europa, que registrou 28% a mais de casos do que na semana anterior.

Na Rússia, houve um recorde de infecções nas últimas 24 horas, quando foram detectados 12.126 novos casos, elevando o total para mais de 1,2 milhão. Por enquanto, porém, as autoridades não preveem medidas de confinamento mais rígidas.

Nem mesmo a Alemanha, que até agora havia sido modelo na gestão da crise de saúde, escapa dessa segunda onda. A chanceler Angela Merkel alertou, nesta sexta-feira, que, se as infecções não se estabilizarem em dez dias, haverá novas restrições.

Os números da Alemanha (cerca de 310.200 casos e cerca de 9.600 mortes) ainda são muito inferiores aos de outros países europeus com população semelhante.

Migrantes bloqueados

Em escala global, o país mais afetado pela pandemia em termos absolutos continua sendo os Estados Unidos, com 212.789 mortos e 7,6 milhões de infectados. Seu presidente, Donald Trump, que ficou três dias hospitalizado por coronavírus na semana passada, poderá retomar seus compromissos públicos "a partir de sábado", segundo o médico da Casa Branca, Sean Conley.

O médico garantiu que o presidente respondeu "extraordinariamente bem" ao tratamento experimental de anticorpos sintéticos, o antiviral remdesivir e o corticoide dexametasona.

As Nações Unidas chamaram a atenção para a situação enfrentada por pelo menos 2,75 milhões de migrantes, entre trabalhadores temporários, estudantes internacionais, ou residentes temporários, que ficaram retidos no exterior, devido a restrições à mobilidade impostas pela pandemia.

A ONU calcula que a recessão global causada pela pandemia pode provocar nos próximos meses um aumento na faixa de 83 a 132 milhões do número de pessoas que sofrem de fome.
Nesta sexta-feira, o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), na linha de frente da luta contra a fome em mais de 80 países, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

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