Milhares de indígenas colombianos que protestam contra o governo e a violência que sofrem em seus territórios se mobilizaram até Bogotá para pressionar por um encontro com o presidente da Colômbia, Iván Duque, anunciaram nesta terça-feira (13/10) seus líderes.
"Nossas autoridades falaram que vamos a Bogotá. Vamos à capital da República!", declarou Hermes Pete, membro do Conselho Regional Indígena do Cauca, em assembleia pública organizada em Cali.
O movimento de protesto chegou a esta cidade do sudoeste do país na segunda-feira, após percorrer a pé e de ônibus um trajeto desde o departamento vizinho de Cauca, uma das áreas mais afetadas pela investida de guerrilheiros e outros grupos financiados pelo tráfico de drogas.
Pete anunciou que os manifestantes iniciarão a viagem até Bogotá na quarta-feira, embora não tenha explicado como será feito o deslocamento.
Em Cali (distante 460 km da capital colombiana), os indígenas exigiram um encontro cara a cara com Duque para expor as denúncias sobre a violência e o descumprimento dos acordos de paz assinados em 2016 entre o governo colombiano e as ex-guerrilhas Farc.
No entanto, o presidente enviou à cidade uma delegação de vários ministros, que tentaram em vão chegar a algum consenso para desativar a mobilização contra o governo.
“Se (...) ele não aparecer em Bogotá, voltamos e entramos em ação”, alertou Pete, referindo-se aos bloqueios da rodovia Pan-americana que liga a Colômbia ao Equador.
Anteriormente, a missão governamental insistiu na oferta de diálogo e sublinhou a sua preocupação com o impacto que este tipo de manifestação poderia ter em meio à pandemia.
“Insistimos (...) em encontrar uma forma eficaz de avançar e resolver todas as propostas e solicitações”, disse Alicia Arango, Ministra do Interior, em comunicado à imprensa.
Na segunda-feira, enquanto milhares de indígenas se dirigiam a Cali, um ex-líder dessas comunidades, Fredy Güetio, e sua esposa, Reina Mera, foram mortos a tiros no município de Suárez, Cauca.
A organização que agrupa povos indígenas na Colômbia, a ONIC, denunciou pelo menos 167 homicídios de seus membros desde que Duque assumiu o poder em 7 de agosto de 2018.
Os indígenas representam cerca de 4,5% dos 50 milhões de habitantes da Colômbia.
O acordo de paz, que reduziu a violência política de mais de seis décadas no país, não conseguiu desarmar completamente o conflito armado, que se intensificou nas últimas semanas com dezenas de massacres.
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