A Europa, mergulhada em um aumento exponencial dos novos casos de coronavírus, foi obrigada a ampliar as restrições impostas para conter o avanço da doença. Irlanda e País de Gales foram os primeiros a determinar um novo confinamento, medida que todos querem evitar devido a seu impacto econômico e social.
Nesta segunda-feira, o mundo superou 40 milhões de infectados e 1,1 milhão de mortos pelo novo coronavírus, segundo um balanço da AFP. Na última semana, houve mais de 2,5 milhões de novos casos, uma cifra inédita desde o começo da pandemia. Mais da metade do total de casos estão localizados em Estados Unidos (8.154.935), Índia (7.550.273) e Brasil (5.235.344).
Ante o crescimento preocupante da pandemia em grande parte da Europa e dos Estados Unidos, o diretor de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, aconselhou "colocar os casos de contato em quarentena" imediatamente.
O acompanhamento dos casos de contato é deficiente em muitos países europeus, onde o número de infectados cresce exponencialmente. A Irlanda optou por um novo confinamento a partir da meia-noite da próxima quarta-feira, por seis semanas, tornando-se o primeiro país da União Europeia a tomar tal medida.
A província britânica de Gales, com 3 milhões de habitantes, iniciará um confinamento de duas semanas na próxima sexta-feira, anunciou o primeiro-ministro Mark Drakeford, no que representa a medida mais difícil introduzida no Reino Unido durante a segunda onda de contágios.
Novas restrições
Outros países do continente aumentam as restrições, sem adotar um confinamento. A partir de hoje, os cafés e restaurantes da Bélgica permanecerão fechados durante quatro semanas para tentar frear o aumento de contágios. O país, de 11,5 milhões de habitantes, tem 192.000 casos e mais de 10.000 mortes, com uma das maiores taxas de letalidade por covid-19 do planeta: 90 mortos em cada 100.000 habitantes.
"Não nos sentimos levados em consideração, e sinto uma dor no coração (...) Não aguento mais", disse Angelo Bussi, dono de um restaurante em Bruxelas, neste domingo à noite, quando recebeu seus últimos clientes. Os fechamentos são acompanhados por um toque de recolher entre meia-noite e 5h00.
Após Paris e Bruxelas, esta medida é replicada no continente. A Eslovênia anunciou um toque de recolher entre 21h e 6h, depois que o número de infectados dobrou em uma semana. Na Espanha, a cidade de Burgos adotará na noite de amanhã um fechamento perimetral, e seus 175 mil habitantes não poderão entrar ou sair da área demarcada, exceto para trabalho ou atendimento médico.
Na Suíça, até agora relativamente pouco afetada, as infecções aumentaram 146% na semana passada e a máscara será obrigatória a partir de agora em locais públicos fechados, como aeroportos ou estações ferroviárias. Novas restrições serão aplicadas, como a proibição de reuniões públicas de mais de 15 pessoas.
A Itália também anunciou restrições a partir desta segunda-feira em bares e restaurantes, atividades esportivas ou feiras populares, muito frequentes no país. "Não podemos perder tempo", afirmou o primeiro-ministro Guiseppe Conte. O país parecia livre da segunda onda, mas, desde o começo do mês, registra um aumento importante dos contágios.
Em Varsóvia (Polônia), o grande estádio nacional de futebol será transformado em um hospital para pacientes de covid-19.
Venezuela reabre praias
Na América Latina, região do mundo mais afetada, com mais de 10 milhões de casos e cerca de 380.000 mortos, a Bolívia organizou eleições presidenciais com relativa normalidade no domingo, assim como o México, com votações nos estados de Hidalgo (centro) e Coahuila (nordeste).
A Venezuela anunciou a reabertura das praias e hotéis, fechados para a população desde março. A partir desta segunda-feira, "no campo dos setores comerciais associados ao turismo (...) vamos flexibilizar pousadas e hotéis, praias e balneários", anunciou o presidente Nicolás Maduro.
O governo peruano permitirá que as praias, cujo acesso será vigiado por policiais e militares, sejam usadas como espaço para a prática de esportes.
Do outro lado do mundo, a cidade australiana de Melbourne começou a flexibilizar o confinamento de mais de 100 dias no último fim de semana, assim como Israel. O Irã, país mais afetado no Oriente Médio, registrou hoje uma cifra recorde de 337 mortos em 24 horas.
Na frente econômica, o crescimento da China acelerou no terceiro trimestre, quando o PIB do país avançou 4,9%, de acordo com dados oficiais divulgados nesta segunda-feira. O gigante asiático é o primeiro a país a recuperar sua atividade econômica.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou nesta segunda-feira que é "crucial" para a recuperação da zona do euro que o plano de estímulo europeu, dotado de 750 bilhões de euros, tenha sucesso e siga os prazos previstos.
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