O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (19) um acordo com o Sudão sobre compensações para famílias de americanos vítimas de ataques realizados na África em 1998 e se disse disposto a tirar o país da lista de Estados que apoiam o terrorismo.
"Excelentes notícias! O novo governo do Sudão, que está fazendo um grande progresso, acordou pagar 335 milhões de dólares às vítimas americanas do terrorismo e suas famílias. Uma vez pago, vou eliminar o Sudão da lista de países que apoiam o terrorismo", tuitou o presidente, sem dar mais detalhes.
Os Estados Unidos têm buscado indenizações para famílias das vítimas dos ataques da Al-Qaeda de 1998 contra as embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia, que deixaram mais de 200 mortos. "Por fim, JUSTIÇA para o povo americano e GRANDE passo para o Sudão!", acrescentou. Funcionários não responderam imediatamente à solicitação para mais detalhes.
O Sudão é um dos quatro países qualificados por Washington como patrocinador do terrorismo, juntamente com Irã, Coreia do Norte e Síria. Na lista desde 1993, visto que o ditador Omar al Bashir havia recebido o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, teve que lidar com limitações ao seu desenvolvimento econômico, inclusive barreias ao investimento.
O país, sacudido pelo conflito, experimentou uma mudança histórica no ano passado, quando Bashir foi deposto em meio a protestos de rua, e depois foi instalado um governo de transição, apoiado por civis.
O anúncio de Trump é "o apoio mais forte à transição do Sudão para a democracia e ao povo sudanês", disse o primeiro-ministro, Abdalla Hamdok, face do governo que permanecerá no poder até as eleições de 2022.
"Agora que estamos a ponto de nos desfazer do legado mais pesado do anterior e extinto regime do Sudão, devo reiterar que somos amantes da paz e nunca apoiamos o terrorismo", disse no Twitter.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, também comemorou o anúncio de Trump sobre o Sudão. "A intenção demonstrada pelos Estados Unidos de retirar o Sudão da lista de Estados que apoiam o terrorismo é capital", escreveu Josep Borrell, também no Twitter.
Embora o presidente americano tenha autoridade para tirar o Sudão da lista, a dúvida é se o Congresso está pronto para aprovar uma legislação que outorgue imunidade ao Sudão diante de mais reivindicações, um passo indispensável para o país, se comprometer os 335 milhões de dólares.
O Sudão foi, durante muito tempo, alvo de campanhas de pressão internacionais, inclusive uma sobre Bashir em Darfur, que os Estados Unidos descreveu como genocídio.
John Prendergast, fundador, ao lado do ator e ativista George Clooney, do The Sentry - que busca eliminar o dinheiro sujo que alimenta o conflito na África - disse que "para apoiar a transição para uma democracia totalmente dirigida por civis, o Congresso deve aprovar uma legislação para restaurar a imunidade soberana do Sudão e pôr fim à sua condição de Estado pária".
Paralelamente, Washington aumentou a pressão para que Cartum normalize relações com Israel, em busca de uma vitória para Trump antes das eleições presidenciais de 3 de novembro.
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