MISSÃO ESPACIAL

Sonda da Nasa "beija" o asteroide Bennu

Correio Braziliense
postado em 20/10/2020 21:44
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

Eram 19h12 (horário de Brasília) de ontem, quando a nave robótica Osiris-Rex, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) desceu na superfície do asteroide Bennu, depois de quatro anos de viagem. A 330 milhões de quilômetros da Terra, a missão da sonda foi tocar o corpo rochoso por alguns segundos e coletar o equivalente a 60g de amostras. Os detalhes da operação serão revelados hoje, em uma coletiva de imprensa.
Essa foi a segunda vez que uma sonda espacial pousa em um asteroide. No ano passado, o Japão conseguiu, com a Haybusa2, coletar um pouco de poeira de outro astro do tipo, Ryugu, e, agora, está retornando para casa. Mas o objetivo da Nasa é mais ousado: mesmo que pareça pouco, 60g é material suficiente para revelar componentes originais do sistema solar, acreditam os pesquisadores da agência.
Os engenheiros da Nasa e da Lockheed Martin enviaram à Osiris-Rex seus comandos finais na terça-feira para realizar a operação de amostragem, que foi totalmente automatizada. “Não podemos controlar a nave espacial em tempo real”, disse Kenneth Getzandanner, gerente de dinâmica de voo da missão. Nessa distância, os sinais levam cerca de 18,5 minutos para viajar.
O primeiro sinal de confirmação da operação chegou à Terra pontualmente às 22h12 GMT, como previsto. Embora as imagens iniciais apareçam hoje, será preciso aguardar até sábado para saber se a Osiris-Rex conseguiu coletar a quantidade de poeira desejada. “Não é fácil navegar em torno de um corpo pequeno”, explicou Heather Enos, a principal pesquisadora-adjunta do projeto, que passou 12 anos na missão preparando-se para este momento.
Tudo se resumiu a 16 segundos críticos de contato, durante os quais espera-se que o braço robótico tenha se estendido e coletado amostras medindo dois centímetros de diâmetro ou menos. “Na verdade, não podemos pousar na superfície de Bennu, então vamos apenas beijar a superfície”, acrescentou Beth Buck, da Lockheed Martin.
O interesse em analisar a composição dos asteroides do sistema solar se baseia no fato de eles serem feitos dos mesmos materiais que formaram os planetas. “É quase uma pedra de Roseta, algo que está lá fora e conta a história de toda a nossa Terra, do Sistema Solar nos últimos bilhões de anos”, comparou o cientista-chefe da Nasa, Thomas Zurbuchen.
As amostras retornarão à Terra em 24 de setembro de 2023, com um desembarque planejado para acontecer no deserto de Utah. Com esse material, os laboratórios poderão realizar análises muito mais poderosas de suas características físicas e químicas, disse a diretora da divisão de ciências planetárias da Nasa, Lori Glaze.
Bennu não é o asteroide liso, coberto por uma “praia” inofensiva de areia fina, como a Nasa esperava. Na verdade, ele foi escolhido porque está convenientemente próximo e porque é antigo: os cientistas estimam que tenha se formado nos primeiros 10 milhões de anos da história do sistema solar, 4,5 bilhões de anos atrás.
Depois que Osiris-Rex atingiu a rocha no fim de 2018, os cientistas ficaram surpresos ao receber fotos mostrando que ela estava coberta de seixos e pedras, às vezes com 30m de altura. Desde então, eles mapearam o asteroide com resolução de centímetros e escolheram o local de pouso menos arriscado: a chamada Cratera Nightingale, com 25m de largura, com uma zona-alvo de apenas 8m de diâmetro, pronta para rápido encontro.

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