O "número real" de pessoas infectadas pela covid-19 na Espanha desde o início da pandemia passa de três milhões - afirmou o primeiro-ministro Pedro Sánchez nesta sexta-feira (23/10), em um discurso sobre a situação da saúde do país, um dos mais afetados pela doença.
"A situação é grave e vem de meses muito duros com a chegada do frio", advertiu Sánchez, em uma mensagem destinada a preparar a população para medidas mais restritivas que devem ser objeto de acordo entre as regiões autônomas.
Na Espanha, essas regiões tomam as decisões na área da saúde, junto com o governo central.
O chefe de Governo recordou que, nesta semana, o país superou a marca de um milhão de casos notificados oficialmente.
"Mas realmente o número de pessoas que sofreram a doença em nosso país supera três milhões", declarou Sánchez, antes de explicar que a enorme diferença é provocada pelo fato de que, "na primeira onda, o vírus se propagava fora de controle e foram diagnosticados apenas 10% das infecções".
"Agora se detecta a maioria dos casos, por volta de 70%", afirmou Sánchez, acrescentando que, na primeira semana de outubro, o país atingiu o recorde de mais de 800 mil testes realizados.
Antes do discurso de Sánchez, as autoridades de várias das 17 regiões autônomas do país anunciaram novas restrições e algumas pediram ao Executivo central a adoção de um toque de recolher. A medida já está sendo aplicada em países como França, Bélgica e Itália.
Em Madri, o governo regional anunciou a proibição, a partir de sábado, de reuniões de pessoas que não moram no mesmo imóvel entre meia-noite e seis da manhã.
Com a decisão, a cidade tenta impor "restrições drásticas de atividade social, especialmente a noturna", afirmou o secretário de Saúde da capital, Enrique Ruiz Escudero.
Bares e restaurantes terão de fechar as portas à meia-noite e não poderão aceitar clientes depois das 23h.
O anúncio aconteceu a poucas horas do fim do estado de alerta, medida excepcional decretada há duas semanas pelo governo central para impor o fechamento do perímetro da capital espanhola e zonas próximas.
A medida sobre Madri foi determinada, apesar da rejeição do Executivo regional, dominado pela direita e que manteve por semanas uma disputa com o governo central de esquerda.
A região de Castilla e León (norte) anunciou um toque de recolher para os habitantes a partir do fim de semana, medida que deve ser seguida por Valência (leste) nos próximos dias.
Sánchez pediu a seus compatriotas que "atuem com determinação, com a máxima disciplina social" para voltar a achatar a curva de infecções como na primeira onda.
"A situação não é comparável a 14 de março, quando nos vimos obrigados a decretar um confinamento domiciliar, um dos mais rígidos do mundo", recordou Sánchez.
O primeiro-ministro disse que espera evitar outro confinamento similar pelos "sacrifícios que comporta e as consequências econômicas e sociais".
Um dos países mais afetados pela pandemia, a Espanha se tornou, na quarta-feira (21/10), o sexto país do mundo a superar a barreira de um milhão de contágios. Também registra mais de 34.500 mortes.
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