O impacto desproporcional da pandemia de coronavírus sobre negros, asiáticos e membros de outras minorias no Reino Unido é o resultado de "décadas de discriminação" - aponta um relatório divulgado nesta terça-feira (27/10), denunciando a incapacidade do governo de proteger estes grupos.
"A genética não consegue explicar porque cada população de minoria étnica, dada a enorme diversidade genética dentro desses grupos e entre eles, tem um risco maior de morte por covid-19 do que a população étnica branca", diz o autor do estudo, responsável pela oposição do Partido Trabalhista, Doreen Lawrence.
"Em vez disso, essa desigualdade provavelmente será impulsionada pelo racismo estrutural e institucional e pelo acesso diferenciado aos cuidados de saúde", acrescenta.
A superexposição dessas comunidades à covid-19 é "a consequência de décadas de injustiça estrutural, desigualdade e discriminação que estão causando estragos em nossa sociedade", enfatiza Lawrence, membro da Câmara dos Lordes, que trabalhou com jovens desfavorecidos por anos.
De acordo com o relatório, negros, asiáticos e outras minorias étnicas são mais propensos a trabalharem em empregos expostos ao vírus, "mais propensos a terem condições físicas que aumentam o risco de sintomas graves e mais propensos a encontrarem obstáculos para acessar cuidados médicos".
Vários estudos anteriores mostraram que as minorias étnicas no Reino Unido têm muito mais probabilidade de morrer de coronavírus do que a média, apontando em particular para fatores socioeconômicos. O legislador pediu ao governo conservador de Boris Johnson que tome medidas para reduzir o impacto desproporcional da pandemia sobre essas populações.
Entre outras recomendações, afirma que o Executivo deve suspender a regra que impede alguns migrantes de ter acesso à ajuda pública e eliminar os obstáculos ao acesso aos serviços de saúde.
"Vários fatores colocam diferentes grupos em maior risco de infecção e morte por covid-19", disse um porta-voz do governo.
"Por isso, devemos ter o cuidado de identificar as causas das disparidades que vemos, e não supor que sejam indícios de discriminação, ou tratamento injusto nos serviços públicos como a saúde", acrescentou.
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