A França e a Alemanha, duas das economias mais ricas da União Europeia (UE), tornaram a decretar medidas de distanciamento social, enquanto registram segunda onda de casos de covid-19. O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou novo lockdown (confinamento) nacional a partir de amanhã, para tentar conter a pandemia do coronavírus.
A restrição deve vigorar pelo menos até 1º de dezembro. “O vírus circula na França a uma velocidade que nem sequer os prognósticos mais pessimistas tinham previsto”, declarou Macron, em pronunciamento transmitido em rede nacional de televisão. Dois terços dos 67,8 milhões de franceses já estão sob toque de recolher noturno.
Apenas ontem, o país registrou 33 mil novas infecções. Entre terça-feira e ontem, 372 pacientes com covid-19 deram entrada em unidades de terapia intensiva, elevando a mais de 3 mil o número de doentes em UTIs em todo o território nacional. Até o fechamento desta edição, havia 1,2 milhão de casos confimados da doença na França, que contabilizava 35,5 mil mortes.
Segundo o chefe de Estado, os franceses “poderão sair de casa apenas para ir ao trabalho, ao médico, para ajudar um parente, fazer compras essenciais ou sair brevemente para tomar ar”. Macron disse que as autoridades exigirão declarações por escrito que justifiquem a saída e sugeriu que multas serão impostas aos infratores. “Os esforços feitos foram úteis, mas não o suficiente... A velocidade de propagação do vírus não tinha sido prevista. Medidas difíceis foram tomadas, mas não foram o bastante para combater uma segunda onda. Nós estamos pressionados por uma segunda onda, que será mais difícil e fatal do que a primeira. (…) A França jamais deixará morrerem centenas de milhares de seus concidadãos; estes não são os nossos valores. (…) Minha responsabilidade é a de proteger todos os franceses”, acrescentou o presidente. “Se em duas semanas tivermos a situação sob melhor controle, poderemos reavaliar as coisas e esperamos abrir alguns negócios, em particular para as festas de Natal. Espero que possamos comemorar o Natal e o ano-novo com a família.”
Mais cedo, a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou que fechará restaurantes, instituições culturais e do setor de lazer — como cinemas, salas de espetáculos, teatros e piscinas — a partir de segunda-feira. Ela também divulgou um pacote de até 10 bilhões de euros (cerca de US$ 67,5 bilhões) para que a economia do país enfrente esse momento. Essas medidas “duras e difíceis” têm o objetivo de “desacelerar a taxa muito alta de propagação do vírus”, informou a chefe de governo, em entrevista coletiva. “Devemos agir agora para evitar que entremos em um estado de emergência na saúde”, disse Merkel.
A chanceler disse, ainda, que as novas regras se aplicam a todo o território nacional, em sequência ao acordo alcançado em uma reunião sobre a crise com autoridades do governo das 16 regiões alemãs relacionadas à área da saúde. Os líderes regionais se reunirão novamente daqui a duas semanas para revisar a eficácia das medidas, e se precisarão ser ajustadas. As restrições anunciadas vão se estender até o fim de novembro. As reuniões poderão ter no máximo 10 pessoas de duas famílias diferentes. No entanto, escolas e lojas poderão permanecer abertas, explicou a chanceler. Todas as competições esportivas profissionais serão realizadas a portas fechadas, enquanto os esportes amadores estão proibidos. A Alemanha registrou 463,4 mil casos da covid-19 e 10.121 mortes.
Itália
As novas medidas de distanciamento social são insuportáveis para muitos europeus. Na Itália, milhares de pessoas saíram às ruas na segunda-feira à noite, com incidentes violentos em Milão e Turim, as duas grandes cidades do norte do país, afetadas pela crise de saúde na primeira onda da pandemia. O governo italiano impôs toque de recolher em áreas importantes, com fechamentos de bares e restaurantes às 18h (hora local), e a suspensão do funcionamento de academias, cinemas e salas de concertos.
Na Espanha, exaustos após uma luta contra o coronavírus por mais de seis meses, vários médicos do serviço público começaram, ontem, uma greve nacional, a primeira em 25 anos, para exigir mais reconhecimento. Em um esforço para melhorar sua resposta diante da segunda onda, a União Europeia anunciou que destinará 100 milhões de euros (cerca de R$ 672 milhões) para a compra de testes rápidos de covid-19.
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