Apesar da esperança que o mundo deposita na vacina de covid-19, a chefe da força-tarefa do Reino Unido para o desenvolvimento do imunizante, Kate Bingham, alertou que os primeiros imunizantes não colocarão fim à pandemia. Em um artigo de opinião publicado no site da revista The Lancet, a cientista ressalta que “é provável que a primeira geração de vacinas seja imperfeita e devemos estar preparados para que não previnam a infecção, mas reduzam os sintomas e, mesmo assim, podem não funcionar para todos ou por muito tempo”.
Kate Bingham defendeu um amplo entendimento entre os países para enfrentar essa crise. “Não podemos proteger o Reino Unido sem trabalhar com nossos parceiros internacionais para proteger o mundo”, escreveu. Ela assinalou que o Sars-CoV-2 é uma pandemia global, que já provocou mais de 1,1 milhão de mortes em todo o planeta. “Os vírus da pandemia não respeitam as fronteiras nacionais. Não haverá uma vacina bem-sucedida, ou um único país, que seja capaz de fornecer ao mundo. Precisamos, urgentemente, de cooperação internacional para agrupar riscos e custos, abordar barreiras de acesso e aumentar a capacidade de fabricação para produzir doses suficientes para proteger todos em risco de infecção de Sars-CoV-2 globalmente”, destacou.
Etapas
As afirmações da britânica sobre a vacina vão ao encontro de um alerta recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), para quem não se deve esperar uma ampla imunidade antes do segundo semestre de 2022. Na segunda-feira, Antonio Fauci, o presidente do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid) dos EUA, fez a mesma advertência ao site Yahoo, afirmando que “as primeiras vacinas tratarão de sintomas”. Fauci lidera, na Casa Branca, os esforços de combate à covid-19 e o órgão que dirige testa, com a empresa de biotecnologia Moderna, uma das vacinas mais avançadas até agora.
No artigo publicado na The Lancet, Kate Bingham também lembrou que outros patógenos semelhantes podem emergir. “O Sars-CoV-2, provavelmente, vai evoluir e outros patógenos zoonóticos podem representar riscos futuros”, assinalou, acrescentando: “China, Europa, EUA e Reino Unido precisam trabalhar juntos. Se estabelecermos uma colaboração internacional, agora, então, estaremos mais bem preparados para controlar pandemias futuras, sem causar a maior recessão global da história e a maior ameaça à vida da qual podemos lembrar”.
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