Novo estudo mostra resposta imune robusta

Correio Braziliense
postado em 28/10/2020 22:46
 (crédito: Tolga Akmen/AFP)
(crédito: Tolga Akmen/AFP)

A maioria das pessoas diagnosticadas com covid-19 leve a moderada apresenta uma resposta robusta de anticorpos que é relativamente estável por, pelo menos, cinco meses, de acordo com pesquisa da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai, em Nova York, publicada na revista Science. Além disso, a equipe descobriu que essa resposta está correlacionada com a capacidade do corpo de neutralizar (matar) o Sars-CoV-2.
“Embora alguns estudos tenham afirmado que os anticorpos para esse vírus desaparecem rapidamente, descobrimos exatamente o oposto — que mais de 90% das pessoas que estavam leve ou moderadamente doentes produzem uma resposta de anticorpos forte o suficiente para neutralizar o vírus, e a resposta é mantida por muitos meses”, disse Florian Krammer, principal autor do artigo.
“Descobrir a robustez da resposta do anticorpo ao Sars-CoV-2, incluindo sua longevidade e efeitos neutralizantes, é extremamente importante para nos permitir monitorar a soroprevalência nas comunidades e determinar a duração e os níveis de anticorpos que nos protegem contra reinfecção, além de ser essencial para o desenvolvimento de uma vacina eficaz”, acrescentou.
Pesquisa divulgada na véspera pelo Imperial College London teve uma conclusão diferente, mostrando que os anticorpos diminuem após três meses da cura, com queda mais rápida em idosos e assintomáticos.
Os resultados do novo estudo são baseados em um conjunto de dados de 30.082 indivíduos, que foram avaliados no Sistema de Saúde Mount Sinai entre março e outubro de 2020. O teste de anticorpos usado na pesquisa — um ensaio imunoenzimático (o Elisa) — é baseado na proteína spike, aquela que permite ao vírus se fixar e entrar nas células do hospedeiro. O teste detecta a presença ou ausência de anticorpos para Sars-CoV-2 e é capaz de medir o título (nível) de anticorpos de um indivíduo.
Em outubro, os pesquisadores reavaliaram os níveis de anticorpos em 121 pacientes da amostra. Eles descobriram que aproximadamente 50% a 90% tinham atividade neutralizante. A variação foi inversamente proporcional ao título de anticorpos que essas pessoas produziram na fase ativa da doença: curiosamente, as que apresentaram uma boa quantidade no início dos sintomas foram as que, passados de três a cinco meses, tinham uma contagem mais baixa. Mas, segundo os autores, isso é esperado. “Os níveis sustentados de anticorpos que observamos subsequentemente são provavelmente produzidos por células plasmáticas de longa vida na medula óssea. Isso é semelhante ao que vemos em outros vírus e provavelmente significa que eles vieram para ficar. Continuaremos acompanhando esse grupo para verificar até quando esses níveis permanecem estáveis”, diz a virologista Ania Wajnberg.

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