EUA

Na reta final, Biden e Trump aceleram disputa pelos indecisos

Em desvantagem nas pesquisas, presidente faz 14 comícios entre hoje e segunda-feira, e sugere que resultado das eleições levará semanas. Democrata conta com o reforço de Obama, hoje

Rodrigo Craveiro
postado em 31/10/2020 07:00
 (crédito: AFP / JIM WATSON)
(crédito: AFP / JIM WATSON)

Os próximos três dias serão de ritmo frenético, principalmente para o presidente norte-americano, Donald Trump. Antes das eleições de terça-feira, o magnata republicano fará 14 comícios e dará atenção especial à Pensilvânia (20) — quatro deles serão realizados, hoje, no estado-chave onde estão em jogo 20 delegados. Amanhã, ele visitará cinco estados que deram a vitória, em 2016, ao Partido Republicano, mas inclinam-se ao Partido Democrata, de acordo com as pesquisas mais recentes: Michigan (16 delegados), Iowa (6), Carolina do Norte (15), Geórgia (16) e a Flórida (29). Na segunda-feira, Trump terá novos compromissos na Carolina do Norte, em Michigan, em Wisconsin (10) e na Pensilvânia. Em vantagem nas sondagens nacionais, o democrata Joe Biden contará com um reforço de peso, hoje, em um comício no estado de Michigan: o ex-presidente Barack Obama. Amanhã e segunda-feira, ele visitará também a Pensilvânia. Os dois candidatos pretendem conquistar os eleitores indecisos e ganhar a confiança dos mais jovens para conseguirem os 270 delegados necessários para a vitória.

Até o fechamento desta edição, 86,3 milhões de norte-americanos haviam votado por antecipação — 55,7 milhões pelos correios. O número representa 62,7% do total de votantes em 2016. Trump também intensificou os ataques ao adversário nas redes sociais, numa tentativa de sensibilizar o eleitorado. “Joe Biden trancará o país inteiro. Ele o fará prisioneiro em sua própria casa e em seu próprio país. O plano de Biden matará o sonho americano”, tuitou, na noite de ontem. Em mais um sinal de que pode não aceitar uma eventual derrota nas urnas, o republicano publicou uma mensagem polêmica, por volta das 17h50 (18h50 emBrasília): “A eleição deveria acabar em 3 de novembro, não semanas depois!”.
“Nós estamos em batalha pela alma da nação — sua voz e seu voto podem fazer toda a diferença”, comentou o democrata, que ontem visitou o Minnesota. No dia em que os Estados Unidos ultrapassaram os 9 milhões de infectados pelo coronavírus e se aproximaram de 229,5 mil mortos pela covid-19, Biden avisou: “Eu não vou fechar o país, não vou fechar a economia, vou ‘desligar’ o vírus”.

Justiça

Professor de ciência política da Universidade da Costa do Golfo da Flórida (em Fort Myers), Peter Bergerson alertou ao Correio que existe uma possibilidade real de que a eleição não seja decidida na terça-feira. “A imensa quantidade de votos enviados pelos correios levará mais tempo para ser apurada. Também deverá haver várias ações judiciais para questionar os resultados”, disse. O especialista acredita que, entre hoje e segunda-feira, Trump e Biden cortejarão os eleitores indecisos ou tentarão persuadir uma mudança de voto. “Entre 5% e 7% dos votantes tomarão sua decisão final nos últimos dias. Dados históricos sugerem que três entre cinco eleitores indecisos votam no desafiante; neste caso, Joe Biden. Ambas as campanhas também centrarão esforços nos chamados estados-chave, como Flórida, Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.”

Para Bergerson, o alto comparecimento às urnas é motivado por vários fatores, incluindo as “altas emoções que dividem os eleitores em distintos campos pró e contra Trump”. “A campanha carece de temas significativos, além da pandemia da covi-19. A enorme afluência ao voto por antecipação pode ser um indício de que as pessoas buscam mudanças. No entanto, não existe qualquer dado real para provar que isso favorecerá Biden”, comentou.

Por sua vez, Kei Kawashima-Ginsburg — diretora do Centro de Informação e Pesquisa sobre Aprendizagem Cívica e Engajamento da Universidade Tufts (em Medford, Massachusetts), instituição que promove a participação eleitoral dos jovens — admitiu que a eleição por antecipação tem atraído a mobilização em peso de adolescentes e estreantes do voto. “Isso é especialmente verdade nos estados-chave. A partilha de votos por antecipação de jovens aumentou em todos os níveis desde 2016. Ele já atingiu, inclusive, o total de jovens que votaram quatro anos atrás”.

Kei explica que os eleitores jovens têm sido muito ativos em compartilhar informações e encorajar outros a votarem ou a se registrarem nos partidos Democrata ou Republicano. “Em junho, cerca de metade dos jovens aptos ao voto conversavam com amigos sobre a eleição; 25% ou mais registravam outros jovens. Isso representa muitos milhões de jovens mobilizados”, sublinhou. “Uma das melhores táticas para alcançar os eleitores jovens é acreditar nessa parcela da população e em suas ideias. Os jovens preocupam-se profundamente com quem fala com eles e sobre a autenticidade de suas mensagens.”

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“O voto dos jovens entre 18 e 30 anos será responsável por entre 15% e 19% do total de votos contabilizados na terça-feira. Esses eleitores são bastante motivados pois veem o futuro em jogo em temas como o meio ambiente, o cuidado à saúde e as oportunidades de carreira. Espero que de 55% a 60% votem em Biden.” Peter J. Bergerson, cientista político da Universidade da Costa do Golfo da Flórida (em Fort Myers).

“A maior motivação para votar, entre todas as faixas etárias, é ‘busca de mudanças’, segundo pesquisas. Os eleitores jovens estão entusiasmados em votar contra Trump, pois seu índice de aprovação é muito baixo entre essa população. As sondagens mostram vantagem de dois para um na intenção de votos jovens para Biden.” Kei Kawashima-Ginsburg, Diretora do Centro de Informação e Pesquisa sobre Aprendizagem Cívica e Engajamento da Universidade Tufts.

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  • Joe Biden
    Joe Biden Foto: Jim Watson/AFP
  • Donald Trump
    Donald Trump Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP
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