CONFLITO

Aumenta preocupação com civis

Comunidade internacional acompanha com apreensão a ampliação dos bombardeios em zonas urbanas nos confrontos entre as forças de Nagorno Karabakh e do Azerbaijão. A retomada das hostilidades chega, hoje, ao décimo dia sem sinal de trégua

Sem sinal de trégua, os confrontos entre as forças separatistas armênias de Nagorno Karabakh e o Exército do Azerbaijão foram intensificados, ontem, em zonas urbanas. Os bombardeios aumentaram a preocupação da comunidade internacional com a população civil. Desde o reinício do conflito, em 27 de setembro, 244 pessoas morreram, sendo 40 civis.

O Ministério das Relações Exteriores dos separatistas de Karabakh anunciou que sua capital, Stepanakert, com 50 mil habitantes, foi atingida por “intensos lançamentos de foguetes” ao longo da manhã. Na véspera, nos dois lados do conflito, os disparos de artilharia atingiram cidades de Nagorno Karabakh (Stepanakert e a vizinha Shusha) e também do Azerbaijão, principalmente Ganja — a segunda maior cidade do país, que fica a 60 quilômetros da linha de frente — e Beylagan.

De acordo com o governo azerbaijano, os ataques nas áreas urbanas do país foram retomados. “As Forças Armadas armênias estão atacando com mísseis e foguetes as zonas densamente habitadas de Ganja, Barda, Beylagan e outras cidades do Azerbaijão. Barbárie e vandalismo”, tuitou Hikmet Hajiyev, assessor presidencial do Azerbaijão.

Dados oficiais mostram que os bombardeios, principalmente com foguetes, mataram quatro pessoas na autoproclamada república de Nagorno Karabakh e cinco no Azerbaijão. Também há relatos de muitos feridos. Houve novamente troca de acusações sobre ataques deliberados contra civis. Os dois lados divulgaram imagens de casas destruídas ou de mísseis que não explodiram.

Cessar-fogo

Diante da violência dos bombardeios em zonas habitadas, o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, expressou ao governo armênio a preocupação com “o aumento do número de vítimas entre a população civil” e reiterou o apelo de seu país, a principal potência regional, por “um cessar-fogo o mais rápido possível”. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) também condenou os “bombardeios indiscriminados”.

No entanto, no nono dia de combates, os separatistas, apoiados política e militarmente pela Armênia, e os azerbaijanos não demonstram qualquer sinal de que pretendem atender aos apelos de trégua da comunidade internacional.

A região de Nagorno Karabakh, habitada principalmente por armênios, anunciou a secessão do Azerbaijão após o colapso da União Soviética, o que provocou uma guerra, no início dos anos 1990, que matou 30 mil pessoas. O front permaneceu virtualmente congelado desde então, apesar dos confrontos frequentes.

As duas partes atribuem ao outro lado a responsabilidade pela retomada das hostilidades, uma das crises mais graves desde o cessar-fogo de 1994, o que provoca o temor de uma guerra aberta entre elas.

Em um discurso no domingo, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, disse que a ofensiva continuará até que o oponente abandone “nossos territórios”. Ele também impõe como condição para o fim do conflito que o premiê armênio, Nikol Pashinyan, “peça desculpas e proclame que Karabakh não é Armênia”.


244
total de mortos desde o reinício dos embates. Pelo menos 40 são civis