Colômbia

Ex-guerrilha FARC confessa atentados contra ex-vice-presidente

O ex-vice-presidente da Colômbia, Germán Vargas Lleras, sobreviveu aos ataques em 2002 e 2005. A FARC foi a guerrilha mais poderosa da América e assinou acordo de paz em 2016

Agência France-Presse
postado em 03/11/2020 14:22 / atualizado em 03/11/2020 14:25
Um ex-guerrilheiro das FARC agita uma bandeira do partido político das FARC durante uma manifestação exigindo que os acordos de paz sejam respeitados, na praça Bolívar, em Bogotá, em 02 de novembro de 2020. -  (crédito: DANIEL MUNOZ / AFP)
Um ex-guerrilheiro das FARC agita uma bandeira do partido político das FARC durante uma manifestação exigindo que os acordos de paz sejam respeitados, na praça Bolívar, em Bogotá, em 02 de novembro de 2020. - (crédito: DANIEL MUNOZ / AFP)

Rodrigo Londoño, líder do partido e ex-guerrilheiro das FARC, admitiu que a ex-organização rebelde foi responsável pelos dois atentados aos quais o ex-vice-presidente Germán Vargas Lleras sobreviveu em 2002 e 2005.

Em carta divulgada na segunda-feira, Londoño, também conhecido como Timochenko, confessou que seus homens "planejaram e executaram" os dois ataques e garantiu que "vão pedir perdão humildemente" a Vargas Lleras, que na época era deputado.

O comandante máximo da ex-guerrilha tornou pública a confissão em carta dirigida ao ex-presidente e ganhador do Prêmio Nobel da Paz Juan Manuel Santos, com quem negociou o desarmamento dos rebeldes em 2016.

Vargas foi vice-presidente de Santos em seu segundo mandato (2014-2018) e renunciou à candidatura à presidência nas eleições vencidas hoje pelo presidente Iván Duque.

O também ex-ministro de origem liberal, crítico severo da luta rebelde e que manteve discreto apoio às negociações de paz, sofreu um primeiro atentado em 2002 com um livro carregado de explosivos disfarçado de presente de Natal. A bomba quebrou três de seus dedos e queimou seu rosto.

Em 2005 um carro-bomba detonou em Bogotá quando ele passava com sua caravana de escoltas. Vários guarda-costas ficaram feridos, embora o político tenha saído ileso.

Em sua carta, Londoño prometeu contar a verdade sobre este fato perante o juiz de paz que investiga os piores crimes cometidos durante o conflito colombiano.

“Temos uma dívida com você e seu governo, desde que assinamos o Acordo, sabíamos que esse momento chegaria e vamos quitar para cumpri-lo”, disse, dirigindo-se a Santos.

Aquela que foi a guerrilha mais poderosa da América assinou a paz em 2016 e concordou em se submeter à Jurisdição Especial para a Paz (JEP), confessar seus crimes e indenizar as vítimas, em troca de poder exercer a política como partido.

Se cumprirem os compromissos, os maiores responsáveis receberão penas alternativas de prisão, caso contrário expõem-se a penas de até 20 anos de prisão.

Na carta, Timochenko destacou o protesto de 2.000 ex-guerrilheiros no centro de Bogotá em rechaço ao assassinato de 234 signatários do acordo e pediu ao Prêmio Nobel da Paz que garanta o cumprimento do acordo.

O chefe do atual partido de esquerda aceitou a responsabilidade dos rebeldes em vários dos crimes que abalaram o país em seis décadas de conflito armado.

Entre eles o assassinato do ex-candidato à presidência e jornalista Álvaro Gómez (1995) e os assassinatos do general aposentado Fernando Landázabal (1998) e do ex-conselheiro da paz Jesús Antonio Bejarano (1999).

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