Biden pode ter problemas no Senado com liderança republicana

Ao assumir o cargo de 46º presidente dos Estados Unidos, em 20 de em janeiro de 2021, o democrata ainda terá a difícil tarefa de buscar a recuperação da maior economia global

Rosana Hessel
postado em 08/11/2020 06:00
Biden terá o desafio de negociar com o Senado, caso não obtenha a maioria na Casa, para impulsionar planos  -  (crédito: Alex Wong/Getty Images/AFP)
Biden terá o desafio de negociar com o Senado, caso não obtenha a maioria na Casa, para impulsionar planos - (crédito: Alex Wong/Getty Images/AFP)

Apesar da vitória nos estados de Pensilvânia e Nevada sobre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o democrata Joe Biden poderá enfrentar problemas de governabilidade quando assumir a Casa Branca. De acordo com analistas, a manutenção do controle do Senado por parte dos republicanos deve dificultar a aprovação das propostas feitas durante a campanha eleitoral, principalmente as econômicas. As projeções de veículos de imprensa dos EUA apontam que cada partido terá 48 assentos na Casa. Como deverá haver segundo turno para as duas cadeiras no Senado da Geórgia, no começo de 2021, esse pleito será decisivo para determinar qual legenda terá maioria. “Aparentemente, ainda vamos ter que esperar até janeiro para saber qual partido terá o controle do Senado. Se os republicanos ganharem, Biden terá dificuldades para aprovar as suas propostas”, destacou o cientista político David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB).

A consultoria britânica Oxford Economics considera provável que os republicanos mantenham o domínio do Senado e destaca a dificuldade de governabilidade que o democrata poderá enfrentar. O Partido Democrata manteve o controle da Câmara dos Deputados. A entidade não descarta uma violenta transferência de poder e admite que este é um “risco a ser monitorado de perto”.

Para Fleischer, Biden terá que usar toda a sua habilidade de conciliador junto a um Senado provavelmente controlado pela oposição. “Vai ser difícil para ele se os democratas perderem o controle do Senado. Mas, Biden é um famoso negociador e, quando estava no Senado, era muito estimado pelos colegas por essa grande capacidade de negociar”, afirmou.

Ao assumir o cargo de 46º presidente dos Estados Unidos, em 20 de em janeiro de 2021, o democrata ainda terá a difícil tarefa de buscar a recuperação da maior economia global da maior recessão desde a Grande Depressão. A Oxford revisou de 3,7% para 3,6% a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos para o próximo ano.

Entre as promessas feitas por Biden durante a campanha, destacam-se o aumento dos impostos para as pessoas que ganham mais de US$ 400 mil por ano. Em 2017, Trump cortou a tributação sobre empresas e sobre os mais ricos. Porém, o novo presidente precisará de recursos para amortizar os custos do plano de ajuda de US$ 2,2 trilhões, adotado em março, e o novo, de US$ 1 trilhão, que está sendo previsto. Ele também precisará da ajuda do Congresso para aprovar novas despesas, a fim de colocar em campo promessas — como o plano de US$ 1,3 trilhão de investimentos em infraestrutura, o aumento do salário mínimo, a licença médica remunerada e uma política de estímulo à produção nacional.

Contudo, na avaliação de Fleischer, ainda há riscos institucionais no caminho de Biden nesses dois meses da gestão de Donald Trump. “O presidente é muito vingativo e temo que ele poderá fazer alguma besteira”, afirmou ele, lembrando que, durante esse período em que Trump não terá mais poder, o presidente republicano será uma espécie de “pato manco”.

3,6%

Estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos para 2021

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