Donald Trump continua a negar a derrota para Joe Biden. O republicano segue isolado na Casa Branca e aferrado às denúncias de fraude. Mesmo sem apresentar evidências, o magnata tonou a reclamar de irregularidades nas eleições de 3 de novembro. Uma vez mais, voltou a ser censurado pelo Twitter em ao menos duas ocasiões. “Nevada está se transformando em uma fossa de votos falsos”, escreveu, ao garantir que, quando as supostas irregularidades forem divulgadas, serão “absolutamente chocantes”. A rede social sinalizou a publicação com um ponto de exclamação e o aviso “Essa alegação sobre fraude eleitoral é contestada”. O mesmo ocorreu com outra mensagem do presidente: “A Pensilvânia nos impediu de acompanhar grande parte da contagem de votos. Impensável e ilegal”. Enquanto despeja retórica considerada inútil por especialistas e apela à Justiça, Trump toma medidas para inviabilizar a transição. Emily Murphy, encarregada pela Casa Branca de iniciar as diretivas para a mudança de governo, se recusa a assinar os documentos para desemperrar o processo. A Casa Branca também bloqueou o acesso da equipe de Biden a dossiês cruciais.
Procuradores-gerais republicanos entraram com petição conjunta na Suprema Corte para contestar a contagem de votos na Pensilvânia. O argumento é o de que o tribunal estadual “extrapolou”, ao permitir o recebimento de cédulas marcadas depois de 3 de novembro. Keith E. Whittington, cientista político da Universidade de Princeton (em Nova Jersey), disse ao Correio acreditar que a recusa de Trump em admitir a derrota eleitoral, neste momento, não é tão preocupante. “Mas, isso pode se tornar mais problemático se ele continuar a questionar os resultados da eleição e, nos próximos dois meses, tentar encorajar os correligionários a crerem que a eleição foi ilegítima e roubada”, comentou.
O vice-presidente Mike Pence fez coro a Trump e publicou, no Twitter: “Não acaba até que acabe... e isso não acabou!”. “O presidente Donald Trump nunca parou de lutar por nós, e vamos seguir lutando até que cada voto legal seja contado!”, reagiu.
Senadores
Até o fechamento desta edição, quatro senadores republicanos tinham reconhecido a vitória de Biden. Mitt Romney, ex-candidato à Presidência dos EUA, parabenizou o presidente eleito e a vice, Kamala Harris. No domingo, Lisa Murkowski havia feito o mesmo. “Estaremos prontos para trabalhar com o governo (de Biden e Kamala) quando assumirem o gabinete. (…) Parece que em breve nos direcionaremos a uma transição pacífica de poder, que é fundamental em nosso sistema democrático e honra o povo americano”, afirmou, por meio de comunicado.
Ontem, Susan Collins e Ben Sasse somaram-se à ala “rebelde” do Partido Republicano. “Eu ofereço minhas congratulações ao presidente eleito Biden por sua vitória aparente. Ele ama este país e eu lhe desejo sucesso. Transições presidenciais são importantes, e o presidente eleito e a vice deveria receber toda a oportunidade de assegurar que estejam prontos para governar em 20 de janeiro”, comentou Collins. Sasse também admitiu o triunfo de Biden e disse orar pelo candidato derrotado. “Hoje, em nossa casa, oramos pelo presidente Trump e pelo presidente eleito Biden, para que ambos sejam sábios na execução de seus respectivos deveres durante este momento importante de nossa nação.
Mitch McConnell, líder da maioria no Senado, disse que Trump tem “100% de direitos de examinar alegações de irregularidades e pesar suas opções legais”. “Nos Estados Unidos da América, todas as cédulas devem ser contadas. Quaisquer cédulas ilegais não devem ser apuradas. O processo deveria ser transparente — ou verificável — por todos os lados, e as Cortes estão aqui para resolver as preocupações.” Outro nome de peso no Partido Republico, George W. Bush também parabenizou o Biden. Mais de 30 ex-congressistas republicanos divulgaram um comunicado no qual pedem à nação que aceite os resultados da eleição e acusam Trump de “tentar minar a legitimidade” do processo democrático. “A nossa esperança é de que a nação reconheça, independentemente do partido ou da convicção, que o presidente eleito Joe Biden venceu esta eleição”, escreveram.
» Chefe do Pentágono demitido pelo Twitter
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu o mundo ao usar o Twitter para anunciar a demissão do secretário de Defesa, Mark Esper. “Tenho o prazer de anunciar que Christopher C. Miller, o diretor altamente respeitado do Centro de Contraterrorismo Nacional (confirmado por unanimidade pelo Senado), será o secretário de Defesa interino, com efeito imediato. Chris fará um ótimo trabalho! Mark Esper foi demitido. Eu gostaria de agradecê-lo por seu serviço”, escreveu em seu perfil na rede social. A relação entre Trump e Esper estava desgastada desde que o então secretário afirmou que apoiaria o envio de militares para conter protestos antirraciais apenas como último recurso. Em entrevista concedida à revista Military Times, em 4 de novembro, Esper citou a possibilidade de demissão. “No fim do dia, é como eu disse — você tem que escolher suas lutas. Eu poderia lutar por qualquer coisa, e poderia fazer uma grande luta. (…) Quem virá depois de mim? Vai ser um verdadeiro ‘Sim, cara’. E então,
Deus nos ajude”, declarou.
» Rússia questiona voto pelo correio
A presidente da Comissão Eleitoral russa, Ella Pamfilova, opinou, ontem, que o voto por correio nos Estados Unidos deixa “imensos espaços” para possíveis fraudes eleitorais, endossando assim as alegações da equipe do republicano Donald Trump. “No passado, tive a oportunidade de estudar minuciosamente a experiência do voto por correio nos Estados Unidos. Para mim, a conclusão é clara: é um anacronismo que, em sua variante americana, abre imensos espaços para possíveis falsificações”, disse Pamfilova à agência estatal de notícias russa TASS. Segundo ela, esse sistema permitiria “votos múltiplos, perda de votos ‘indesejáveis’, votação de mortos”, em decorrência da “falta de controle sistemático do processo eleitoral por via postal em seu conjunto”. O presidente russo, Vladimir Putin, é um dos raros líderes mundiais que não parabenizaram Joe Biden.
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