Economia

Biden eleito: o que se sabe sobre 5 alegações de fraude nas eleições dos EUA que viralizaram

A BBC checou algumas das principais acusações de fraude que estão circulando. Confira

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postado em 11/11/2020 10:21

Enquanto o presidente Donald Trump continua a contestar o resultado da eleição nos Estados Unidos, postagens falsas ou enganosas têm se espalhado nas redes sociais sobre a votação.

Algumas foram ampliadas pelo presidente Trump e sua equipe, que questionaram a integridade da eleição sem fornecer nenhuma prova.

Os republicanos estão contestando apenas os resultados da escolha presidencial. Eles não contestaram os resultados da eleição para o Senado e para a Câmera dos Representantes, cuja escolha foi feita na mesma votação que deve eleger Joe Biden para presidente, segundo as projeções.

Nem o presidente Trump nem outro nome do Partido Republicano justificaram por que estão contestando apenas os resultados presidenciais.

Alguns defensores de Trump nas redes sociais disseram que é porque as votações para o Congresso "tiveram o resultado projetado sem áreas tradicionalmente republicanas dando votos para democratas".

No entanto a vitória de Biden já era projetada por pesquisas de intenção de voto antes da eleição em Estados onde Trump venceu as últimas eleições, como Michigan e Pensilvânia.

A BBC checou algumas das principais acusações de fraude que estão circulando. Confira.

Reproducao do Twitter
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1) Mortos não votam: acusação de fraude em Michigan

A acusação: Tuítes virais alegam que votos de pessoas mortas estariam sendo contadas no Estado-chave de Michigan.

O que mostra a checagem da BBC: Alegação é mentira

Os tuítes que viralizaram supostamente identificaram pessoas que votaram pelo correio apesar de terem morrido.

Mas um dos homens supostamente mortos nas postagens na verdade foi confundido pelos conspiradores com o pai deste já falecido, que tinha o mesmo nome que ele e morava no mesmo endereço, segundo o site de checagens Politifact.

As autoridades de Michigan afirmaram que os rumores são "desinformação" e que os votos feitos em nome de pessoas mortas são rejeitados.

Outros casos de alegações de "mortos votando" também tiveram explicações semelhantes, ligadas a casos de membros da família com o mesmo nome, ou ocorreram por problemas técnicos — como eleitores sendo instruídos a inserir uma data de nascimento fictícia se não conseguissem encontrar inicialmente seu registro de eleitor online.

Os rumores infundados foram repetidos sem checagem por pessoas influentes, incluindo o filho do presidente, Donald Jr. — que também compartilha o nome de seu pai — e o líder do Partido Brexit no Reino Unido, Nigel Farage.

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2) Nenhuma evidência de falha de software de computador em Michigan

A acusação: Postagens que estão sendo amplamente compartilhadas online sugerem que uma falha no software de contagem de votos usado em Michigan fez com que milhares de votos para Donald Trump fossem contados para Joe Biden.

O que mostra a checagem da BBC: Alegação é enganosa.

O senador republicano Ted Cruz publicou uma postagem no Twitter sugerindo que poderia haver um problema com o software usado em todo o Estado.

De fato, houve um problema em um condado onde os votos foram inicialmente relatados incorretamente para Biden, mas ele foi "rapidamente identificado e corrigido", segundo Jocelyn Benson, secretária de Estado de Michigan.

Mas o erro inicial foi humano, não um erro de software, portanto as postagens que sugerem que pode ter havido o mesmo problema em 47 outros condados de Michigan, onde o mesmo software é usado, são enganosas.

Benson disse: "Não há evidências de que esse erro do usuário tenha ocorrido em outro lugar no Estado", disse Benson.

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3) Votos de canetinha no Arizona

A acusação: Outro boato muito compartilhado surgiu durante a contagem no Estado do Arizona, onde a corrida eleitoral foi bastante apertada. Postagens alegaram que havia um esquema para desconsiderar votos em áreas pró-republicanas do Estado, distribuindo canetinhas marcadoras (conhecidas como 'sharpies' nos EUA) para as pessoas preencherem suas cédulas.

O que mostra a checagem da BBC: Alegação é falsa.

Em um vídeo amplamente divulgado, uma mulher descreve como as máquinas de leitura de votação supostamente não podem ler cédulas marcadas com esse tipo de caneta. Ela diz que os votos não estão sendo contados e que as pessoas estão sendo manipuladas a usar canetinhas para fraudar a eleição.

Isso levou a uma onda de alegações de fraude eleitoral dizendo que "um grande número de votos de apoiadores de Trump" estavam sendo invalidados.

A CNN relatou que manifestantes que se reuniram no condado de Maricopa, no Arizona, protestaram contra o que acreditavam ser fraude no local.

Mas todas as afirmações são falsas.

O uso de canetinhas para preencher a cédula não invalida a contagem das cédulas por máquina.

E mesmo que as máquinas não pudessem ler os votos marcados com a canetinha por algum motivo (como a canetinha ter manchado o outro lado do papel), há outras maneiras de contar os votos que dão problema na máquina, segundo a secretária de Estado do Arizona, Katie Hobbs.

No Twitter, ela confirmou que, se pessoa votou pessoalmente, "sua cédula será contada, não importa que tipo de caneta você usou (mesmo uma canetinha)!".

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4) Mapa de votação errôneo de Michigan

A acusação: Mapa de votação em Michigan mostraria que o Estado contou votos a mais para Joe Biden.

O que mostra a checagem da BBC: Alegação é enganosa.

A postagem de um mapa da votação em Michigan na noite da eleição — que mostra um aumento repentino de cerca de 130 mil votos para Joe Biden, mas nenhum para Trump — se tornou viral nas redes sociais.

O presidente Trump retuitou a imagem, que intensificou as especulações sobre fraude eleitoral.

É comum que as autoridades estaduais adicionem uma grande quantidade de votos a uma contagem de uma só vez. Mas os usuários de mídia social estavam questionando por que o Trump não teve nenhum voto adicionado à sua contagem nesta atualização em particular.

A explicação é simples — foi um erro de entrada de dados que foi corrigido posteriormente.

O Decision Desk, site de monitoramento de eleições que criou o mapa, explicou que foi um "erro simples de um arquivo criado pelo Estado" que eles utilizaram para fazer o mapa. "O Estado percebeu o erro e produziu uma contagem atualizada", afirmou.

O porta-voz do Decision Desk acrescentou: "Esse tipo de coisa pode acontecer na noite da eleição, mas corrigimos o erro em tempo real".

O Twitter adicionou legendas aos tuítes com as acusações falsas, dizendo: "Parte ou todo o conteúdo compartilhado neste tuíte pode ser enganoso sobre uma eleição ou outro processo cívico."

Matt Mackowiak, o usuário cuja postagem fora compartilhada por Trump, excluiu o tuíte e se desculpou — embora uma captura de tela da postagem continue sendo amplamente compartilhada em outros lugares.

Nas primeiras horas da quarta-feira, o mapa foi impulsionado por defensores da teoria da conspiração pró-Trump QAnon e para um público mais amplo por influenciadores conservadores online.

O escritório de Eleições de Michigan disse que os resultados eram, nesta fase, "não oficiais" e não a contagem final.

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5) Wisconsin não teve mais cédulas do que eleitores registrados.

A acusação: Houve alegações falsas generalizadas de que o número de pessoas que votaram no Estado de Wisconsin era maior do que o número de eleitores registrados para votar.

O que mostra a checagem da BBC: A alegação é falsa.

Um usuário do Twitter postou: "URGENTE: Wisconsin tem mais votos do que pessoas registradas para votar. Número total de eleitores registrados: 3.129.000. Número total de votos expressos: 3.239.920. Esta é uma evidência direta de fraude."

No entanto, este número de eleitores registrados está desatualizado — o número mais atualizado, de 1º de novembro, é de 3.684.726 eleitores registrados.

O tuíte original foi excluído, mas as pessoas no Facebook e no Twitter continuam a compartilhar uma captura de tela da postagem.

A participação eleitoral em Wisconsin é significativamente maior nesta eleição do que nos anos anteriores.

O Estado também permite que as pessoas se registrem para votar no próprio dia da eleição, o que significa que o número total de eleitores registrados pode ser ainda maior do que o número atual relatado.

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