Os palestinos se despediram nesta quarta-feira (11) de Saeb Erakat, um de seus líderes mais emblemáticos e negociador em múltiplos processos de paz com Israel, morto por coronavírus na terça-feira.
O secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) foi enterrado em Jericó, a cidade onde vivia, na Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967.
Centenas de palestinos se deslocaram para homenageá-lo, todos protegidos com máscaras.
Abas Zaki, membro do Fatah, o partido político de Erakat, elogiou a figura de um "patriota valente que realizou missões difíceis".
Erakat sofria de graves problemas pulmonares e faleceu aos 65 anos em um hospital israelense de Jerusalém. Ele foi internado com urgência dias antes, com uma grande falta de ar, após ser diagnosticado com covid-19.
Seu corpo foi transferido na terça-feira para Ramallah, nos territórios palestinos, onde foi celebrada uma cerimônia oficial antes de seu enterro.
Personalidades políticas lideradas pelo presidente Mahmud Abbas e o primeiro-ministro Mohammed Shtayyeh, prestaram-lhe homenagens na Muqata, sede da Autoridade Palestina, em uma cerimônia que coincidiu com o 16º aniversário da morte de Yasser Arafat, líder histórico da causa palestina. Erakat e Arafat foram colaboradore próximos.
"Fim de uma era"
Erakat participou de praticamente todos os processos de paz com Israel, paralisados desde 2014, e foi um dos rostos palestinos mais conhecidos internacionalmente, graças a seu inglês perfeito, às suas declarações contundentes, a sua defesa apaixonada da causa de seu povo e a seu espírito aberto ao diálogo.
Foi visto como um dos potenciais sucessores do presidente palestino, Mahmud Abbas, de 85 anos, que lamentou a morte de "um irmão, um amigo, um grande lutador".
"A morte de Saeb Erakat marca o fim de uma era, uma era na qual os palestinos tentavam negociar uma solução pacífica para seu conflito. Ele encarnava esta era, com todas essas esperanças e frustrações", considerou Rob Malley, ex-conselheiro dos presidentes americanos Bill Clinton e Barack Obama, e atualmente presidente da consultoria International Crisis Group (ICG), com sede em Washington.
O presidente israelense, Reuven Rivlin, e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foram procurados pela AFP, mas não comentaram sua morte.
Durante anos, Erakat, que sempre se definiu como um "homem de paz", assistiu impotente à desintegração do sonho de um Estado palestino independente, em meio ao avanço das colônias, à violência, ou à falta de vontade internacional.
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