Um movimento conspiratório contra o governo de Alberto Fernándes está em marcha na Argentina, denunciou, ontem, o ministro da Defesa, Agustín Rossi. Em declarações à rádio AM 750, Rossi acusou militares reformados das Forças Armadas, da Segurança e policiais que formaram uma “mesa de reunião”, de se organizar para “conspirar e desestabilizar” a administração de centro-esquerda. “É um ato absolutamente inédito na vida democrática do país. A apresentação de uma mesa de reunião é para disputar a liderança militar”, afirmou o ministro.
Pela primeira vez desde a redemocratização argentina, em 1983, militares reformados formaram um grupo do tipo.“Eles se apresentam como uma alternativa à liderança militar oficial, que são os chefes das Forças Armadas designados pelo comandante-em-chefe, que é o presidente da nação”, declarou o ministro sobre a Mesa Geral de Libertação San Martín, constituída na véspera.
Entre as diretrizes do grupo, apresentadas em um manifesto citado pela imprensa, os militares propõem-se a participar do debate público sobre a “problemática da Defesa Nacional e a Segurança Pública”, embora a ordem interna na Argentina não seja competência das Forças Armadas. “Claramente é uma ação que tenta questionar o papel da política de defesa levada adiante pelo governo”, alertou Rossi, que é civil.
O grupo de ex-fardados divulgou, na quarta-feira, uma foto tirada no terraço da sede da Sociedade Militar de Seguros de Vida (SMSV), que tem 120 mil associados, a maioria deles, militares aposentados. A iniciativa do grupo partiu do general aposentado Ernesto Bossi, ex-presidente da SMSV, e do seu sucessor no cargo, o general aposentado Daniel Reimundes.
“Bossi é um conspirador nato. Foi denunciado em 2004, durante o governo de Néstor Kirchner (2003-2007) e, anteriormente, após aposentar-se do Exército, participou do quadro do Serviço de Inteligência do Estado (Side), em 2000”, disparou o ministro da Defesa.
Em entrevista ao jornal argentino Clarín, Ernesto Bossi rejeitou as acusações de Rossi. “Desde o início, sabemos que uma ideia como a nossa sempre gera desconfiança. Mas, há uma mudança de atitude, não desperdiçamos energia nos defendendo de acusações que não têm fundamento. Não fazemos parte de nenhuma conspiração, nem é claro que a incentivamos”, assegurou o general aposentado.
Estela Carlotto, presidente da organização de defesa dos direitos humanos Avós de Praça de Maio, declarou-se “preocupada e indignada” com a iniciativa, em um país onde a última ditadura (1976-83) deixou 30 mil desaparecidos, segundo levantamento de organizações humanitárias.
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