EUA

Trump deixa sua reclusão desde a derrota eleitoral para reunião sobre covid-19

Trump, que há mais de uma semana não fala publicamente nem responde a perguntas de jornalistas, tem uma reunião agendada na Casa Branca sobre a "Operação Warp Speed", na qual o governo fez parceria com empresas farmacêuticas para criar e distribuir uma vacina contra o coronavírus que assola o país

Agência France-Presse
postado em 13/11/2020 17:01 / atualizado em 13/11/2020 17:02
 (crédito: SAUL LOEB / AFP)
(crédito: SAUL LOEB / AFP)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sairá nesta sexta-feira (13) da reclusão em que se encontra desde a derrota eleitoral para Joe Biden, para participar de uma reunião sobre a pandemia de covid-19, em um momento em que suas chances de reverter o resultado das eleições parecem cada vez mais remotas.

Trump, que há mais de uma semana não fala publicamente nem responde a perguntas de jornalistas, tem uma reunião agendada na Casa Branca sobre a "Operação Warp Speed", na qual o governo fez parceria com empresas farmacêuticas para criar e distribuir uma vacina contra o coronavírus que assola o país.

O presidente não comentou o novo crescimento da pandemia, que já deixou mais de 242 mil mortes e 10,5 milhões de infecções nos Estados Unidos, e nos últimos dias tem atingido números recordes de propagação.

Desde as eleições de 3 de novembro, o republicano insiste em que a vitória de seu adversário democrata, projetada há seis dias pela mídia dos EUA com base nos resultados oficiais, se deve a uma enorme fraude.

Da Casa Branca, de onde só saiu para jogar golfe no fim de semana e comparecer a uma breve cerimônia do Dia dos Veteranos na quarta-feira em Arlington, Trump repetiu várias vezes no Twitter que ganhou o reeleição, enquanto promove ações judiciais para questionar os resultados sem provas relevantes. "Eleição manipulada!", escreveu esta manhã.

No entanto, as autoridades eleitorais de todo o país disseram em um comunicado conjunto na quinta-feira que as eleições foram "as mais seguras da história dos Estados Unidos", ressaltando que "não há evidências" de votos perdidos ou trocados, nem sistemas de votação alterados.

Além disso, Biden, que lidera a votação com quase 78 milhões de votos e uma diferença de mais de cinco milhões sobre Trump a nível nacional, aumentou sua vantagem ao ser declarado o vencedor no estado do Arizona, onde os democratas ganharam pela primeira vez desde 1996.

Com a vitória no Arizona, Biden tem 290 votos no Colégio Eleitoral contra os 217 de Trump. São necessários 270 para ganhar a Presidência.

E o horizonte continua escurecendo para o presidente republicano, depois que o presidente eleito recebeu cumprimentos não só de aliados americanos históricos, como Reino Unido, Israel e França, mas também da China.

Inabaláveis, Trump e os republicanos que o apoiam parecem viver em uma realidade paralela.

"Acreditamos que ele venceu essas eleições", declarou o assessor econômico de Trump, Peter Navarro, nesta sexta-feira. "Estamos avançando aqui na Casa Branca sob o pressuposto de que haverá um segundo mandato de Trump", disse ele à Fox Business.

Enquanto isso, os apoiadores mais radicais de Trump estão se preparando para uma manifestação em Washington no sábado com uma marcha para "parar o roubo".

- Perigo crescente -
Embora Biden continue seus preparativos para assumir o cargo em 20 de janeiro, a questão preocupa sua equipe.

O novo chefe de gabinete de Biden, Ron Klain, viu que o bloqueio do acesso da nova administração às reuniões informativas confidenciais do governo atual representa um perigo crescente.

Em declarações à MSNBC na noite de quinta-feira, Klain destacou a necessidade de estar a par dos planos de vacinação de covid-19 entre "fevereiro e março", quando Biden já estará no Salão Oval.

"Quanto mais cedo conseguirmos que nossos especialistas em transição se reúnam com as pessoas que estão planejando a campanha de vacinação, mais tranquilo será", afirmou.

A persistente demora do governo Trump em reconhecer a vitória de Biden representa "um sério risco para a segurança nacional", alertaram mais de 150 ex-autoridades da área em uma carta na quinta-feira, incluindo alguns que trabalharam com Trump.

Entre os signatários, democratas e republicanos, estão o ex-chefe do Pentágono Chuck Hagel, republicano, e Michael Hayden, ex-chefe da Agência de Segurança Nacional (NSA) e, posteriormente, da CIA durante presidências democratas e republicanas.

O grupo instou a diretora da Administração de Serviços Gerais (GSA), Emily Murphy, a reconhecer oficialmente Biden como presidente eleito.

Sem a confirmação da GSA, Biden não tem acesso a fundos de transição e outros recursos, incluindo relatórios de inteligência.

Embora muitos no Partido Republicano tenham se mostrado leais a Trump, outros acreditam que, para o bem do país, Biden deve ser capaz de acessar informações confidenciais.

James Lankford, um senador republicano de Oklahoma, disse à rádio Tulsa KRMG no início da semana que daria ao governo Trump até sexta-feira para possibilitar isso e, caso contrário, interviria "para pressioná-los".

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