EUA

Os números da vitória

Segundo as projeções finais, o democrata Joe Biden é o presidente eleito com 306 delegados. Os prognósticos dão a Donald Trump, que recusa-se a admitir a derrota, 232 votos. No primeiro pronunciamento, republicano ignora as eleições e fala do combate à covid-19

Correio Braziliense
postado em 13/11/2020 21:29 / atualizado em 13/11/2020 22:20
 (crédito: Sarah Silbiger/AFP)
(crédito: Sarah Silbiger/AFP)

Projeções da mídia norte-americana consolidaram, ontem, os números finais da vitória de Joe Biden na corrida à Casa Branca. Com a esboçada derrota de Donald Trump na Geórgia, estado de tendência tradicionalmente republicana, o democrata acumulou 306 delegados no Colégio Eleitoral, mesmo desempenho do atual presidente em 2016. Horas depois do anúncio, no primeiro pronunciamento desde as eleições, o magnata, inicialmente, ignorou o tema. No fim do discurso, porém, por pouco não reconheceu o revés nas urnas e disse que “o tempo dirá” sobre o futuro governo.
Trump insiste na tese de que as apurações foram fraudadas, contrariando documentos oficiais que respaldam a lisura do pleito. Agências de segurança eleitoral dos EUA frisam que não há qualquer evidência de irregularidades. A longa contagem dos votos continua, com uma vantagem de 5 milhões de votos para Biden. Mas meios de comunicação — como a CNN, ABC, Fox News, CBS e o jornal The New York Times, entre outros — anunciaram a vitória democrata na Geórgia, a primeira desde que Bill Clinton venceu por lá em 1992.
Trump, por sua vez, ficou com a a Carolina do Norte, projetaram as redes americanas. Com isso, teve 232 na totalização. O Colégio Eleitoral, composto por 538 delegados, decide a Presidência dos EUA. Ganha quem tiver, no mínimo, 270 delegados, independentemente da votação popular. Em 2016, a democrata Hillary Clinton teve mais votos, porém perdeu em número de delegados. Biden, mostram os prognósticos, vence nas duas categorias.
Nesse cenário, Biden venceu em 25 estados, incluindo Delaware, onde mora desde os 10 anos, e nos disputados Califórnia e Nova York, assim como na capital dos EUA. O ex-vice-presidente de Barack Obama tirou cinco estados que ajudaram na vitória de Trump há quatro anos: Arizona, Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin.
A mídia projetou vitórias para o magnata republicano para os outros 25 estados do país, incluindo a Flórida e o Texas, assim como em Indiana, Kentucky, Missouri e Ohio. Todos são estados que ele ganhou em 2016. Nebraska dividiu seus votos eleitorais entre os dois candidatos — quatro para Trump e um para Biden. O Maine foi vencido pelo presidente eleito, mas ele obteve apenas três dos quatro votos eleitorais, com o último atribuído ao atual ocupante da Casa Branca.


Pequim

Horas antes da projeção final de vitória, a China congratulou Joe Biden por sua eleição como presidente dos Estados Unidos, sete dias depois do anúncio da conquista do democrata. “Respeitamos a escolha do povo americano. Enviamos nossas felicitações a Biden e a (vice-presidente eleita, Kamala) Harris”, declarou o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin.
Muitos líderes mundiais parabenizaram o presidente eleito ainda em 7 de novembro, quando a vitória foi anunciada, mas Pequim adiou, alegando que desejava esperar os resultados definitivos da eleição.
Com Trump cada vez mais isolado, Peter Navarro, um dos assessores econômicos do republicano, afirmou, ontem, que a Casa Branca está se preparando para a continuação do governo do magnata. “Continuamos trabalhando com a suposição de que Trump terá um segundo mandato”, disse Navarro à Fox Business. “Acho que é realmente importante (...) entender que queremos cédulas verificáveis, um escrutínio que possa ser certificado e uma investigação sobre o número crescente de alegações de fraude feitas por testemunhas que assinaram declarações escritas sob juramento”, acrescentou.

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Militar trans na transição

 (crédito: Reprodução Newsletters)
crédito: Reprodução Newsletters

Debruçado sobre os preparativos para assumir a Casa Branca em 20 de janeiro, embora sem acesso aos dados de governo, o presidente eleito Joe Biden nomeou, ontem, a comandante transgênero Shawn Skelly para participar de sua equipe de transição. Skelly atuou na Marinha americana entre 1991 e 2008 e integrará a equipe que vai avaliar e discutir as diretrizes da Secretaria de Defesa.
O nome da comandante foi sugerido por Barack Obama, de quem Biden foi vice. Vice-presidente da Out in National Security (ONS), uma organização de defesa dos direitos da população LGBTQIA+ em órgãos de segurança nacional americanos, Shawn ocupou cargos na Secretaria de Defesa durante o segundo mandato de Obama.
Embora continue os trabalhos da transição, a equipe de Biden considera que o bloqueio do acesso da nova administração às reuniões informativas confidenciais representa um perigo crescente ao futuro governo. Foi o que alertou o chefe de gabinete de Biden, Ron Klain, em declarações à MSNBC na noite de quinta-feira.

Republicano celebra avanço para vacina

 (crédito: Mandel Ngan/AFP)
crédito: Mandel Ngan/AFP

Num pronunciamento de 12 minutos, no jardim da Casa Branca, o presidente Donald Trump fez, ontem à tarde, uma espécie de prestação de contas sobre as ações de seu governo contra a covid-19. Sem se referir uma única vez sequer às eleições presidenciais, das quais saiu derrotado, o republicano celebrou a chamada operação Warp Speed (Velocidade da Dobra), criada para acelerar o desenvolvimento de uma vacina contra a doença e elogiou os avanços obtidos pelo laboratório Pfizer.
Embora abatido, atacou fortemente o governador de Nova York, o democrata Andrew Cuomo, por seus questionamentos ao plano da Casa Branca para um imunizante contra o novo coronavírus. Cuomo recusou um convite para participar de uma reunião com governadores sobre o tema. Em resposta, Trump disse, no discurso de ontem, que não há previsão de distribuição de vacina para o estado.
Foi uma grande mudança de Donald Trump em relação à covid, num momento em que os EUA batem recorde de casos da doença. O presidente, que foi infectado pelo Sars-CoV-2 e chegou a ser internado, praticamente ignorou a pandemia na reta final da campanha eleitoral. Chegou a dizer que, se reeleito, demitiria o infectologista Anthony Fauci, responsável pela resposta americana à crise sanitária, que deixou mais de 243 mil mortos no país até o momento.
No discurso de ontem, o presidente disse que os idosos serão os primeiros a serem vacinados, ao lado de trabalhadores da área de saúde e de pessoas do grupo de risco. Previu que isso deve acontecer nas próximas semanas. A vacinação para a população em geral, segundo ele, deve acontecer em abril de 2021.
Trump atribuiu o alto número de casos à grande testagem realizada, mais do que em qualquer outro lugar, segundo ele. E afirmou que o país não vai parar, lembrando que as quarentenas estaduais causaram prejuízos inestimáveis à economia. “Este governo não fará um confinamento”, garantiu.
Minutos depois, quase reconheceu a derrota para o democrata Joe Biden. “Este governo não vai adotar um lockdown, mas o que quer que aconteça no futuro, quem sabe que governo estará no cargo, o tempo vai dizer”, disse Trump.


Serviço secreto

O recrudescimento da covid nos Estados Unidos pegou em cheio o Serviço Secreto, responsável pela segurança de Trump, do presidente eleito Joe Biden e da Casa Branca. O Washington Post noticiou que mais de 130 agentes foram infectados pelo novo coronavírus ou estão em quarentena por terem tido contato com pessoas diagnosticadas. A informação foi confirmada pelo governo.
O surto aconteceu depois que vários agentes viajaram para comícios de campanha com o republicano, onde muitas autoridades e a maioria dos participantes ficava sem máscara. A equipe também participou de eventos na Casa Branca nas últimas três semanas, incluindo uma festa na noite da eleição em 3 de novembro.

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