Obituário

Chanceler sírio, aliado incondicional de Assad, morre aos 79 anos

Walid Mouallem era nome forte no governo de Bashar al-Assad

Agência France-Presse
postado em 16/11/2020 09:17 / atualizado em 16/11/2020 09:18
 (crédito: AP Photo/Amr Nabil)
(crédito: AP Photo/Amr Nabil)

Damasco, Síria - O ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Mouallem, faleceu nesta segunda-feira (16/11), aos 79 anos, depois de ter sido um dos pilares do governo de Bashar al-Assad e de ter conservado o posto durante toda a guerra.

O veterano da diplomacia síria, que já ocupava o cargo quando teve início o conflito no país em 2011, e que atualmente também exercia o cargo de vice-primeiro-ministro, foi embaixador de seu país em Washington durante a década de 1990.

Walid Mouallem apoiou de maneira resoluta o presidente sírio Bashar al-Assad e era conhecido por suas críticas veementes e sarcásticas aos países ocidentais no momento de defender as posições de seu país.

Mouallem repetia incansavelmente que a guerra na Síria era um "conspiração estrangeira".

Em 2011, poucos meses depois do início do conflito sírio, o governo dos Estados Unidos adotou sanções contra o chanceler por "ocultar os atos horríveis do regime".

Sem revelar a causa da morte, o governo sírio anunciou "com tristeza o falecimento de um "veterano da diplomacia" conhecido por suas "posições patrióticas honradas", em um comunicado oficial divulgado pela agência oficial SANA.

Mouallem será enterrado nesta segunda-feira em Damasco, sua cidade natal.

Sua última aparição pública aconteceu na sexta-feira em uma conferência organizada na Síria sobre o retorno dos milhões de refugiados sírios que fugiram da guerra.

Ele pareceu debilitado e caminhava com a ajuda de dois auxiliares.

A Rússia, aliada decisiva de Assad, lamentou a morte de um "diplomata experiente" e lamentou a perda de "um sócio muito confiável e um amigo sincero".

Depois de estudar Economia, Walid Mouallem entrou em 1964 para o ministério sírio das Relações Exteriores, onde superou todos os escalões até alcançar o comando da diplomacia e virar um dos símbolos do regime.

Desde o início da guerra em 2011, Mouallem reiterava a cada oportunidade que Assad permaneceria no poder.

Ele foi uma das primeiras autoridades a chamar os opositores de "terroristas".

Em 2012, Mouallem foi nomeado vice-primeiro-ministro e durante todo o conflito permaneceu nos dois cargos, apesar das várias mudanças de governo.

Com tom calmo, o veterano da diplomacia internacional acusava os ocidentais de terem provocado o conflito que devastava seu país e de apoio aos "terroristas".

Ele era conhecido pelas entrevistas coletivas. Em setembro de 2019, respondeu a uma pergunta sobre o secretário de Estado americano Mike Pompeo com um irônico "Quem é Pompeo? Não conheço".

Mouallem foi embaixador nos Estados Unidos de 1990 a 1999, período em que participou em negociações entre Síria e Israel que não apresentaram resultados.

Durante a carreira diplomática, Mouallem passou por Arábia Saudita, Espanha, Reino Unido e Romênia.

Mas durante a guerra suas principais viagens diplomáticas foram para Rússia e Irã, principais aliados da Síria no conflito.

Walid Mouallem era casado e tinha três filhos.

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