Mike Pompeo se deslocou para uma colônia israelense da Cisjordânia, nesta quinta-feira (19/11), e se tornou o primeiro secretário de Estado americano a visitar um assentamento neste território palestino ocupado desde 1967 - informaram testemunhas e a imprensa israelense.
Pompeo visitou o vinhedo de Psagot, situado na área industrial israelense de Shaar Binyamin, entre Jerusalém e a cidade palestina de Ramallah.
Segundo imagens da televisão israelense, o chefe da diplomacia americana estava escoltado por um importante dispositivo militar.
A vinícola Psagot vende a maioria de sua produção no exterior, principalmente nos Estados Unidos e Europa, além de ter um vinho que recebeu o nome de Pompeo para agradecer o secretário de Estado pelo seu apoio aos assentamentos israelenses.
Desde que Donald Trump chegou à Casa Branca, Estados Unidos mostrou um apoio inabalável a Israel: reconheceu Jerusalém como capital e também a soberania israelense no Golã, tomado da Síria na guerra de 1967 e anexado em 1981.
"Hoje terei a sorte de visitar os Altos do Golã. O simples reconhecimento (deste território) como parte de Israel foi uma decisão de importância histórica do presidente Trump", disse Pompeo em coletiva de imprensa conjunta com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Em março de 2019, Estados Unidos tornou-se o primeiro país do mundo a reconhecer a soberania israelense sobre este território estratégico, localizado na fronteira com o Líbano e a Síria. A decisão provocou críticas de vários países e a ONU afirmou que o status do Golã, como área ocupada, permaneceria o mesmo.
Durante o governo de Netanyahu e o mandato de Trump, a colonização da Cisjordânia e Jerusalém-Leste - parte palestina da cidade ocupada e anexada por Israel - registraram um avanço desconhecido.
Neste momento, mais de 450 mil israelenses residem nesses assentamentos da Cisjordânia, território em que vivem 2,8 milhões de palestinos. Junto a eles, somam-se cerca de 200 mil israelenses que vivem em assentamentos na parte oriental de Jerusalém. Essas colônias são ilegais aos olhos do direito internacional.
"Vá para casa!"
Em novembro de 2019, Pompeo afirmou que esses assentamentos não eram ilegais. Naquele dia, várias garrafas foram abertas em Psagot em homenagem ao chefe da diplomacia.
"Durante muito tempo, o Departamento de Estado manteve um ponto de vista errado sobre as colônias, não reconhecendo a história deste território especial. Hoje, o Departamento de Estado americano defende com vigor o reconhecimento de que as colônias podem ser legais", disse Pompeo nesta quinta-feira em Jerusalém.
Pompeo não se reunirá com nenhum líder palestino nesta viagem.
O governo do presidente Mahmoud Abbas reduziu ao mínimo os contatos com o governo americano após suas decisões dos últimos anos, consideradas favoráveis apenas a Israel.
Na quarta-feira, dezenas de palestinos protestaram em Al-Bireh, perto da colônia de Psagot. "Pompeo, vá para casa!", dizia um cartaz.
"A visita de Pompeo a uma colônia se opõe a todas as resoluções internacionais", afirmou Munif Treish, membro do governo de Al-Bireh. "O vinhedo (de Psagot) está localizado em terras privadas palestinas. Temos os documentos que comprovam isso", acrescentou.
"Se as relações internacionais agora se baseiam em garrafas de vinho, a diplomacia morre", criticou nesta semana o primeiro-ministro palestino, Mohammed Shtayyeh.
BDS "antissemita"
Em sua visita a Israel, Pompeo também anunciou que Estados Unidos considerará "antissemita" o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), que deseja isolar Israel internacionalmente devido ao tratamento que reserva aos palestinos.
"A campanha mundial do BDS contra Israel será considerada antissemita (...). Queremos nos alinhar com outras nações que reconheçam o movimento BDS como o câncer que é", reagiu Pompeo.
Em fevereiro, o secretário acusou a ONU de ser "anti-israelense" após a divulgação de uma lista de empresas que operam nas colônias israelenses em território palestino.
O BDS é uma campanha internacional de boicote econômico, cultural e científico contra Israel, visando forçar o fim da ocupação e da colonização dos territórios palestinos.
Os que apoiam ou incentivam este movimento seguem o exemplo da África do Sul, onde, segundo eles, o boicote do país contribuiu para o fim do apartheid.
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