Pelo menos 13 pessoas morreram em dois novos massacres relatados, ontem, por autoridades em diferentes regiões da Colômbia. Cinco delas eram cafeicultores. Os crimes ocorreram nos departamentos de Antioquia (noroeste) e Cauca (sudoeste), os mais afetados pela onda de massacres que o país vive neste ano. No município de Betania, cinco catadores e outros três trabalhadores foram mortos em um ataque a uma fazenda ocorrido na noite de sábado para domingo.
“Cerca de 10 homens fortemente armados entraram em um dos quartos da fazenda La Gabriela e atiraram indiscriminadamente contra as pessoas que ali estavam”, detalhou Carlos Villada, prefeito do município colombiano. Segundo Villada, os homens procuravam três pessoas que estavam alojadas no quarto desde o dia anterior. O ataque, que também deixou três feridos, pode ser devido a uma disputa pelas “praças de vício” (zonas de tráfico de drogas) da cidade cafeteira.
Já em Cauca, pelo menos cinco pessoas morreram e mais duas ficaram feridas em três ataques perpetrados na mesma noite por um homem que entrou atirando em um salão de bilhar, um bar e uma discoteca. A prefeitura expressou em nota a preocupação com a “possível sistematicidade” dos fatos, semelhantes aos ataques de pistoleiros ocorridos recentemente na área contra boates e pessoas em vias públicas.
Guerrilheiros do ELN, dissidentes das FARC, paramilitares e narcotraficantes estão lutando pelas receitas do narcotráfico e da mineração ilegal no problemático município de Cauca, bem como por uma rota do narcotráfico que sai do Pacífico para a América Central e os Estados Unidos. Neste ano, a Colômbia é palco de uma das piores sequências de ataques de grupos armados desde a assinatura do acordo paz entre o governo e a então guerrilha das FARC em 2016. Antioquia e Cauca concentram 30 dos 76 massacres registrados no país pelo observatório independente Indepaz.
Peru
O ministro do Interior do Peru, Rubén Vargas, disse, ontem, que será realizada uma investigação após a morte de dois jovens devido à repressão policial nos protestos que derrubaram o efêmero governo anterior. “Demos instruções para que sejam realizadas investigações contra os generais denunciados e responsáveis pelas operações nesses fatos que lamentamos”, disse Vargas em coletiva de imprensa, sem especificar o número de investigados.
O ministro se reuniu com as famílias dos dois jovens que morreram com o impacto dos projéteis durante a repressão policial de oito dias atrás nas ruas de Lima. A Procuradoria iniciou, esta semana, uma investigação criminal preliminar contra o ex-presidente Manuel Merino e dois de seus ministros, que pode chegar a outros funcionários e à polícia, pela violenta repressão da semana passada. Vargas destacou que essas investigações “resultarão nas correspondentes responsabilidades penais, que serão cumpridas integralmente”.
As mortes ocorreram em uma manifestação massiva, violentamente reprimida com gás lacrimogêneo e balas de borracha pela polícia. A crise foi desencadeada em 9 de novembro pelo Congresso, que destituiu Martín Vizcarra, um presidente popular de centro-direita, e o substituiu por Merino, também de centro-direita. A repressão aos manifestantes aumentou a indignação e quase todos os seus ministros renunciaram e seus aliados no Congresso o deixaram. No dia seguinte, os parlamentares elegeram o deputado centrista Francisco Sagasti como o novo presidente, que deve governar até 28 de julho de 2021. Sagasti, que votou contra a destituição de Vizcarra, assumiu o cargo na terça-feira, restaurando a calma no país e nos mercados.
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