O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu viajou em segredo no domingo para a Arábia Saudita para uma reunião com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman (MBS), informou a imprensa do país.
Esta é a primeira viagem conhecida de um chefe de Governo de Israel à Arábia Saudita, potência sunita regional.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que visitou Israel na semana passada, também participou das negociações, de acordo com o canal público israelense Kan.
De acordo com a emissora, que cita como fontes funcionários do governo israelense sob anonimato, Netanyahu viajou acompanhado de Yossi Coheh, diretor do Mossad (o serviço de inteligência de Israel) e a reunião aconteceu em NEOM, cidade futurista no noroeste da Arábia Saudita próxima de Israel.
Outros meios de comunicação israelenses divulgaram a mesma informação nesta segunda-feira.
De acordo com o influente correspondente do Walla News, Barak David, Netanyahu e Cohen viajaram em um avião que pertence ao empresário Udi Angel.
De acordo com esta fonte, o avião deixou Israel no domingo às 20H00 locais (15H00 de Brasília) e seguiu para Neom, no Mar Vermelho. A aeronave retornou cinco horas depois.
O gabinete de Netanyahu não fez comentários até o momento.
A reunião acontece depois de Israel anunciar acordos históricos de normalização das relações com dois aliados da Arábia Saudita no Golfo, Emirados Árabes Unidos e Bahrein.
Os acordos, denominados "Acordos de Abraão", foram estimulados pelo governo do atual presidente americano Donald Trump.
Sem comentários
Fontes sauditas não responderam até o momento as perguntas da AFP sobre o encontro entre Netanyahu, o príncipe Mohammed e Pompeo.
O secretário de Estado americano viajou no domingo dos Emirados Árabes Unidos a Neom, como parte de uma visita ao Oriente Médio.
Washington e autoridades israelenses afirmam que há mais Estados árabes dispostos a estabelecer relações com Israel.
Em agosto, Netanyahu anunciou que Israel mantém conversas secretas com múltiplos Estados árabes.
A Arábia Saudita, ao menos de forma pública, segue a tradicional posição da Liga Árabe de não estabelecer vínculos com Israel até uma solução para o conflito do Estado hebreu com os palestinos.
Os analistas israelenses questionam se durante um governo do democrata Joe Biden os "Acordos de Abraão" continuarão sendo anunciados, e em especial sobre o que pode acontecer com a Arábia Saudita.
A administração Trump não deu grande importância aos direitos humanos em sua diplomacia internacional e sempre demonstrou cautela no momento de criticar a situação na Arábia Saudita, em particular após o assassinato por agentes sauditas do famoso jornalista Jamal Khashoggi, um crítico das autoridades do reino.
Muitos analistas acreditam que a administração Biden, que receberá muitas pressões, em especial da ala esquerdistas do Partido Democrata, se veria em uma situação incômoda se estimulasse um pacto israelense-saudita sem uma reforma dos direitos humanos no país.
Como Trump deve deixar a Casa Branca em 20 de janeiro, alguns analistas israelenses especulam que a atual administração dos Estados Unidos poderia estimular o acordo israelense-saudita antes da posse de Biden.
Israel e os Estados árabes do Golfo - incluindo a Arábia Saudita - têm um inimigo comum, o Irã, a potência xiita da região.
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