O julgamento iniciado ontem contra o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi suspenso até a quinta-feira para a realização de um exame médico em um dos co-acusados. O tribunal correcional de Paris “decidiu ordenar um exame médico” do juiz Gilbert Azibert, de 73 anos, que não compareceu à audiência por motivos de saúde. A depender dos resultados, o tribunal terá que decidir, às 13h30 de quinta-feira (9h30 em Brasília), se mantém a audiência por videoconferência ou se a adia. A defesa de Sarkozy não concorda com a primeira opção.
Quase sete anos depois que este caso conhecido na França como “escuta telefônica” veio à tona, Sarkozy compareceu a um tribunal de Paris, por supostamente tentar corromper o juiz Azibert, por meio de seu amigo e advogado de longa data, Thierry Herzog. Sarkozy é o primeiro ex-presidente francês a sentar-se no banco dos réus. Antes dele, apenas Jacques Chirac, que comandou a França entre 1995 e 2007, e mentor político de Sarkozy, foi condenado a dois anos de prisão por peculato. No entanto, sua saúde impediu-o de comparecer em tribunal.
Sarkozy, de 65 anos, presidente de 2007 a 2012, nega as acusações e prometeu que será “combativo” no julgamento em que aparece ao lado do amigo de longa data e advogado Thierry Herzog e do juiz, agora aposentado, Gilbert Azibert. Para o ex-presidente, que afirma ser inocente, o caso é um “escândalo” que ficará para a história.
O ex-presidente de 65 anos chegou ao tribunal de Paris por volta das 13h20 (9h20 de Brasília), em meio a uma multidão de jornalistas que o aguardava na entrada, mas não fez qualquer declaração. No tribunal, cumprimentou advogados e promotores, antes de se sentar ao lado de Herzog, que responde pelas mesmas acusações. Se condenado, Sarkozy poderá enfrentar uma pena de prisão de até 10 anos e uma multa de 1 milhão de euros.
Kadafi
O escândalo tem origem em outro caso que ameaça Sarkozy, o das suspeitas de que recebeu financiamento do regime líbio de Muamar Kadafi durante a campanha presidencial de 2007 que o levou ao Eliseu. Os juízes decidiram grampear o telefone do ex-presidente e foi assim que descobriram que ele tinha uma linha secreta, para falar com seu advogado, na qual ele usava o pseudônimo de “Paul Bismuth”.
Segundo os investigadores, algumas das conversas revelaram um acordo de corrupção. Com a ajuda de Herzog, Sarkozy teria tentado obter informações secretas de outra investigação por meio de Azibert. O magistrado teria tentado influenciar os colegas a favor de Sarkozy. Em troca, o ex-presidente teria prometido ao juiz ajudá-lo a conseguir um cargo cobiçado no Conselho de Estado de Mônaco.
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