O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, alertou nesta segunda-feira (30) que a América Latina poderá sofrer em 2021 uma "grande crise" de dívida soberana devido ao pesado investimento que os países da região precisaram fazer para lidar com a pandemia da covid-19, e pediu compreensão aos credores.
"Vislumbra-se uma possível grande crise de dívida soberana no ano que vem", alertou Guterres, em discurso durante uma cúpula virtual com chefes de Estado e de governos da América Central, realizada de maneira privada.
A reunião foi organizada pelo Sistema de Integração da América Central (Sica) e contou a participação de seu secretário-geral, Vinicio Cerezo.
De acordo com Guterres, o impacto da pandemia da covid-19 "ampliará significativamente a brecha de financiamento" da América Latina e do Caribe, o que poderia gerar "uma grande crise de liquidez", ou seja, falta de dinheiro para que a economia caminhe em seu ritmo habitual.
O secretário-geral da ONU pediu o "apoio" de entidades financeiras multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM), além dos países que integram o G20.
Uma das medidas que Guterres pediu a estas entidades é que aceitem adiar a cobrança da dívida até final de 2021.
A iniciativa tem como principal objetivo "permitir aos países pobres concentrar seus recursos no combate à pandemia e proteger as vidas e os meios de sobrevivência da população mais vulnerável", segundo um texto sobre a cúpula divulgado no site do Banco Mundial.
O secretário-geral da ONU também pediu ao FMI, ao Banco Mundial e ao G20, que cogitem a "possibilidade de conceder um maior alívio, possivelmente até o cancelamento de dívida" de países da América Latina, incluindo os de renda média.
- América Central e mudanças climáticas -
O presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, assegurou pelo Twitter que, durante a reunião, pediu a Guterres que reconhecesse a América Central como "a região mais afetada pelos efeitos das mudanças climáticas", ante os danos recorrentes que sofre por fenômenos naturais.
O governo da Guatemala, por sua vez, informou que o presidente Alejandro Giammattei e seus pares propuseram a possibilidade de acessar o Fundo Verde para o Clima para reconstruir as áreas castigadas pelos furacões Eta e Iota, que deixaram 200 mortos e perdas milionárias na região.
Projetado para ser um mecanismo de financiamento da Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (CMNUCC), o Fundo Verde foi criado para apoiar os esforços dos países em desenvolvimento por militar ou reduzir suas emissões e ajudá-los a se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas.
Neste mesmo sentido, o presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, exortou a América Central a formar "uma frente comum" para obter "financiamento" e poder "tirar" os países da região "da crise sanitária, econômica e climática".
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