Quatro policiais foram indiciados e dois deles detidos no âmbito das investigações sobre o espancamento, em Paris, do produtor negro Michel Zecler. O caso de violência policial foi gravado pelas câmeras de segurança do estúdio musical e divulgado na quinta-feira, em meio ao debate sobre um projeto de lei cuja principal medida é limitar a possibilidade de filmar a atuação das forças de segurança.
O juiz de instrução acusou três dos quatro policiais de “violência voluntária por parte de pessoa depositária da autoridade pública” e de “mentir em documento público”, como solicitado pelo Ministério Público de Paris. Ao explicar o pedido de prisão provisória, o promotor Rémy Heitz argumentou que a detenção dos agentes deve “evitar o risco de que façam algum tipo de acordo” entre eles ou “pressionem testemunhas”.
Os agentes foram detidos na sexta-feira para um interrogatório na sede da Inspeção Geral da Polícia Nacional. Três admitiram que “a agressão não tinha justificativa e que reagiram principalmente por medo”, segundo o promotor. Alegaram “pânico” pelo sentimento de que estavam presos na entrada do estúdio de Zecler, que resistia à ação policial, segundo eles.
Os homens aparecem, nas imagens, espancando Michel Zecler. Na gravação, é possível ver os agentes socando, chutando e batendo com um cassetete na vítima, a quem a polícia havia chamado a atenção por aparentemente não usar máscara. O presidente Emmanuel Macron referiu-se ao caso como uma “agressão inaceitável” e “imagens que nos envergonham”. Na sexta-feira, defendeu que o governo francês apresentasse propostas para “lutar contra a discriminação” no país.
Protestos
No dia seguinte, as ruas da capital e de outras cidades foram tomadas por protestos contra o caso de violência policial, o racismo e a polêmica lei de segurança. Os organizadores falam que mais de 500 mil pessoas saíram de casa para participar das manifestações. O Ministério do Interior calcula mais de 130 mil.
Em Paris, os protestos terminaram com o incêndio de um bar e de vários carros. Manifestantes e agentes de segurança entraram em confronto. Segundo a polícia, 62 agentes ficaram feridos e 81 pessoas foram detidas. O ministro do Interior, Gerald Darmanin, divulgou imagens de policiais sendo agredidos e disse que a violência nos protestos era “inaceitável”.
Ontem, como reação ao fim de semana conturbado, Emmanuel Macron convocou o gabinete de ministros e líderes parlamentares para uma reunião de crise. Segundo fontes do governo, o objetivo é desenvolver rápidas “sugestões para restabelecer a confiança” entre a polícia e a população.
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