EUA

Biden terá mulheres em cargos cruciais para a recuperação da economia americana

Joe Biden aposta na nomeação de mulheres e afrodescendentes para ocupar cargos fundamentais para a recuperação do país, que tem registrado aumento no desemprego e crescimento desacelerado. Nomes da equipe ainda precisam ser aprovados pelo Senado

Correio Braziliense
postado em 01/12/2020 06:00
 (crédito: Mark Makela/AFP)
(crédito: Mark Makela/AFP)

Depois de fazer história ao escalar Kamala Harris, de ascendência afro-americana e sul-asiática, para sua chapa na corrida pela Casa Branca, o presidente eleito dos Estados Unidos Joe Biden continua apostando na diversidade de seu futuro governo. Ontem, ele confirmou Janet Yellen, 74 anos, à frente do Departamento do Tesouro, um cargo que, em mais de dois séculos de existência, jamais foi ocupado por uma mulher. O vice de Yellen será Wally Adeyemo, um advogado nascido na Nigéria, ex-assessor de segurança nacional e atual presidente da Fundação Obama.

“Essa é a equipe que (...) nos ajudará a reconstruir nossa economia melhor do que nunca”, disse, em nota, Biden, que será investido no cargo em 20 de janeiro. Os Estados Unidos, país com o maior número de mortes por covid-19, enfrentam um desemprego de 6,9%, o dobro do que tinham antes da pandemia. E o crescimento econômico deste terceiro trimestre, de 2,9%, segue abaixo do registrado nos mesmos meses de 2019.

Além de Yellen, três mulheres foram nomeadas para cargos econômicos importantes, disse a equipe de transição do democrata. Neera Tanden, presidente do think tank Centro para o Progresso Americano, vai chefiar o Escritório de Administração e Orçamento da Casa Branca, sendo a primeira sul-asiática-americana a ser eleita para o cargo. Embora Biden tenha elogiado a trajetória de Tanden, ex-assessora de Hillary Clinton durante a campanha de 2016, a indicação, que não conta com o apoio unânime dos democratas mais progressistas, pode ser bloqueada no Senado, com os republicanos já se manifestando contra.

A afro-americana Cecilia Rouse, reitora da Escola de Assuntos Públicos e Internacionais da Universidade de Princeton, foi escolhida para presidir o Conselho de Consultores Econômicos do Presidente (CEA). Heather Boushey, descrita como uma “economista eminente” e especialista em desigualdade, também foi eleita para o CEA, com Jared Bernstein, amiga de Biden que o aconselhou quando era vice-presidente de Obama.

O presidente eleito disse que sua equipe econômica representa a diversidade da América. “É composta por servidores públicos respeitados e inovadores, que ajudarão as comunidades mais afetadas pela covid-19 e enfrentarão as desigualdades estruturais em nossa economia”, disse.

Desafios

“Estamos enfrentando grandes desafios como país no momento”, escreveu Janet Yellen no Twitter, após saber sobre a sua nomeação. O nome da economista ainda precisa receber sinal verde do Senado. Uma prioridade absoluta para ela será obter a aprovação no Congresso de um novo plano de ajuda para os mais atingidos pela pandemia, quando expirar o enorme pacote de estímulo econômico aprovado em março.

Mas isso pode ser difícil, pois ainda não se sabe se os democratas vão controlar o Senado em janeiro, ao contrário do que aconteceu quando Barack Obama assumiu o cargo em 2009, em meio à crise financeira. “Para nos recuperarmos, devemos restaurar o sonho americano, uma sociedade onde cada pessoa possa desenvolver seu potencial e sonhar ainda mais para seus filhos”, tuitou Yellen. “Como secretária do Tesouro, trabalharei todos os dias para reconstruir esse sonho para todos.”

Vários cargos importantes na formulação de políticas econômicas, como o representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) e o secretário de Comércio, ainda não foram anunciados. Essas nomeações são aguardadas com ansiedade no exterior, já que o governo Donald Trump travou uma guerra comercial com a China e abalou as relações comerciais com os principais aliados dos EUA.



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