Milhares de pessoas se manifestaram em Varsóvia neste domingo para protestar contra uma decisão do Tribunal Constitucional que impõe a proibição quase total do aborto na Polônia e para exigir a saída do governo conservador.
Os manifestantes, principalmente mulheres e jovens, marcharam pela capital para se dirigir à casa do vice-primeiro-ministro da Polônia, Jaroslaw Kaczynski, considerado o homem forte dos conservadores e o verdadeiro responsável pela decisão do tribunal.
A polícia tentou várias vezes isolar os manifestantes para impedir que chegassem a seu destino, que se tornou alvo recorrente de protestos, e conseguiu bloquear a rua onde fica a casa de Kaczynski. Durante a noite, um grupo de agricultores, que acusou o governo de ser passivo diante da queda dos preços dos alimentos, colocou um porco morto e espalhou batatas e ovos na rua.
A manifestação de domingo coincide com o 39º aniversário do estado de sítio iniciado pelo general Wojciech Jaruzelski que quebrou o Solidariedade, a primeira união livre no mundo comunista, em 13 de dezembro de 1981.
Essas manifestações de grandes proporções começaram na Polônia em 22 de outubro, quando o Tribunal Constitucional, reformado pelo partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS) no poder, proibiu a interrupção voluntária da gravidez em caso de uma malformação grave do feto, julgando que é "incompatível "com a Constituição.
A decisão levou à proibição de todos os abortos, exceto em casos de estupro e incesto ou quando a vida da mãe está em perigo. Os protestos acontecem apesar da pandemia, que deixou mais de 22.000 mortos neste país de 38 milhões de pessoas.
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