Seis anos depois do sequestro de 200 meninas em Chibok, o grupo terrorista Boko Haram assumiu, ontem, ter aprisionado centenas de estudantes de ensino médio numa localidade do estado de Katsina, no noroeste da Nigéria. Trata-se de uma área distante de onde a organização jihadista costuma atuar, o que revela sua expansão.
“Sou Abubakar Shekau e nossos irmãos estão por trás do sequestro em Katsina”, anunciou, em uma mensagem de voz, o líder da facção. Ao menos 333 adolescentes permanecem desaparecidos desde o ataque, na sexta-feira passada, contra uma escola no estado, a mais de 100 quilômetros do território do Boko Haram. Habitualmente, os jihadistas atuam nas proximidades do Lago Chade.
O número de estudantes sequestrados foi anunciado pelo governador de Katsina e confirmado, anteontem, por fontes militares, mas pode não ser definitivo, uma vez que algumas das vítimas podem ter escapado e depois se perdido. Em 2014, o sequestro das meninas de Chibok provocou uma onda de indignação mundial — até hoje, dezenas permanecem em cativeiro, num local desconhecido.
Em seu perfil no Twitter, o governador Aminu Bello Masari afirmou que há negociações com os sequestradores, com o objetivo de garantir a segurança dos adolescentes e o retorno deles às suas casas.
O ataque à escola de Katsina foi colocado em prática por mais de 100 homens armados, em motos. Muitos jovens conseguiram fugir e se refugiaram em uma floresta próxima, enquanto outros foram alcançados, separados em vários grupos e levados pelos extremistas, segundo relatos de testemunhas.
Inicialmente, a ação foi atribuída a grupos armados, formados por criminosos comuns, que aterrorizam a população na região, onde os sequestros para pedidos de resgate são frequentes. “O anúncio da reivindicação pelo Boko Haram destruiu toda a esperança que tinha de voltar a ver meu filho em breve”, desabafou um homem que identificou apenas como Ahmed, pai de um dos adolescentes, à agência de notícias France-Presse.
Ligações perigosas
Especialistas alertaram sobre uma possível aproximação entre os bandidos da região e os terroristas, que propagam sua influência em toda região do Sahel, desde o centro do Mali até o Lago Chade. O presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, ordenou o reforço das medidas de segurança em todas as escolas.
Nas últimas semanas, a facção comandou o massacre de dezenas de trabalhadores agrícolas perto de Maiduguri, a capital do estado de Borno. Também assumiu a autoria de um ataque contra uma aldeia onde, ao menos, 28 pessoas morreram, a maioria queimada viva.
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