Justiça

Autor de atentado antissemita na Alemanha em 2019 é condenado à prisão perpétua

O extremista matou duas pessoas que passavam na rua, na cidade de Halle, região central da Alemanha, após não conseguir invadir uma sinagoga que estava trancada com mais de 50 pessoas reunidas

Agência France-Presse
postado em 21/12/2020 10:54
 (crédito: Hendrik Schmidt / POOL / AFP)
(crédito: Hendrik Schmidt / POOL / AFP)

O autor do atentado cometido perto de uma sinagoga na cidade de Halle, região central da Alemanha, em 2019, foi condenado à prisão perpétua nesta segunda-feira (21/12), com uma pena mínima de 15 anos.

Stephan Balliet, um extremista alemão de 28 anos, foi considerado culpado de "dois assassinatos" e de várias tentativas de homicídio pelo ataque cometido em outubro de 2019, anunciou a presidente do tribunal, Ursula Mertens.

O condenado tentou invadir uma sinagoga na cidade de Halle, na qual havia mais de 50 pessoas reunidas por ocasião do feriado judaico do Yom Kippur. Não conseguiu e acabou matando dois transeuntes que passavam pelo local.

Segundo a Justiça alemã, o agressor pretendia "cometer um massacre". Foi impedido apenas pela solidez da porta da sinagoga, trancada a chave.

"O ataque foi um dos atos antissemitas mais repulsivos desde a Segunda Guerra Mundial", disse o promotor durante o julgamento.

Stephan Balliet, que durante o julgamento continuou a proclamar seu antissemitismo, ouviu o veredicto impassível e com o olhar vazio.

O condenado tentou entrar no templo à força, com cargas explosivas e armas de fogo.

Sem conseguir abrir a porta, matou uma mulher que passava por ali e um homem que estava em um restaurante de kebab. Foi perseguido pela polícia, que conseguiu detê-lo.

'Tolerância zero'

Os serviços alemães de Inteligência traçaram um paralelo com os atentados cometidos em Christchurch, na Nova Zelândia, alguns meses antes, contra duas mesquitas. O saldo foi de 51 mortes.

O réu gravou e transmitiu seu ataque ao vivo, negando a existência do Holocausto e insultando os judeus.

Durante o julgamento, Balliet não demonstrou, em nenhum momento, qualquer sinal de arrependimento. Justificou seus atos e lançou palavras de ordem racistas, misóginos e antissemitas.

O condenado alegou que atacar uma sinagoga "não foi um erro", porque, segundo ele, quem estava dentro de estabelecimento religioso era "inimigo".

Um psiquiatra que o examinou disse que Balliet tinha sérios transtornos, que "misturavam esquizofrenia, paranoia e autismo", mas que ele era responsável por seus atos.

"Estamos aliviados em ver que tudo termina hoje. Foi longo e difícil o suficiente", disse Mark Lupschitz, advogado de nove demandantes, à AFP, agradecendo ao tribunal por não ter transformado este julgamento em uma vitrine para extremistas de direita.

Em um comunicado, o presidente do Conselho Central dos Judeus Alemães, Josef Schuster, considerou que o veredicto marca "um dia importante para a Alemanha", já que "o ódio assassino contra os judeus registra uma tolerância zero".

Os crimes contra a comunidade judaica na Alemanha aumentaram 13% em 2019, quando 2.032 eventos antissemitas foram registrados.

O ataque de Halle coincidiu com o ressurgimento do terrorismo de extrema direita, especialmente o assassinato de Walter Luebcke, um político pró-imigração, em 2019, e um ataque em Hanau (oeste) em fevereiro passado. Neste último, nove pessoas foram mortas a tiros, a maioria delas migrantes.

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