Diplomacia

Rússia não espera "nada bom" da administração do futuro presidente americano

A declaração foi feita nesta quarta-feira (23/12) pelo vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov, a menos de um mês da posse de Joe Biden

Agência France-Presse
postado em 23/12/2020 10:26
 (crédito: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP)
(crédito: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP)

A menos de um mês da posse de Joe Biden, a Rússia afirmou nesta quarta-feira (23/12) que não espera "nada bom" da futura administração dos Estados Unidos, guiada pela "russofobia", em um momento de grande tensão entre os dois países, devido a um gigantesco ciberataque.

"Não esperamos nada bom" do futuro presidente, afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, à agência de notícias Interfax.

"Seria estranho esperar algo bom de pessoas que, em muitos casos, fizeram carreira com a russofobia, derramando fel sobre meu país", completou o diplomata, um dos principais nomes do governo russo para as relações com as Américas e a não proliferação do armamento.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, também declarou que não vê "nada positivo" em perspectiva.

Na terça-feira (22/12), o presidente eleito Joe Biden prometeu que responderia ao gigantesco ciberataque executado contra o governo dos Estados Unidos e atribuído à Rússia.

"Quando conhecermos a extensão do dano e, de fato, quem é o responsável formalmente, pode ter certeza de que responderemos", disse o futuro presidente.

Biden também criticou Donald Trump por minimizar o suposto papel da Rússia, depois que membros de sua administração denunciaram a responsabilidade de Moscou nos ataques direcionados aos serviços federais dos Estados Unidos.

Washington adotou múltiplas sanções contra a Rússia, devido, principalmente, à ação de hackers e às acusações de interferência na eleição presidencial de 2016.

De acordo com os democratas, Moscou fez de tudo para ajudar a vitória de Trump há quatro anos.

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou nesta quarta-feira que as recentes medidas americanas contra empresas russas e chinesas refletem "a política hostil dos Estados Unidos" e prometeu uma "resposta".

"Tudo vai de mal a pior. Tem sido a característica dos últimos quatro anos, e não temos a sensação de que a tendência vai mudar", declarou Riabkov.

Irã e desarmamento

As advertências recíprocas acontecem a menos de um mês da posse de Biden, em 20 de janeiro, e com uma longa lista de temas que devem ser solucionados entre diplomatas russos e americanos.

Entre as questões mais urgentes está a prorrogação, ou não, do tratado de desarmamento New Start, que expira em fevereiro, último grande acordo bilateral sobre uma parte dos arsenais nucleares dos rivais geopolíticos.

Outro tema urgente é o acordo sobre o programa nuclear iraniano. Os signatários contam com Joe Biden para que Washington retorne ao pacto, como prometeu, depois de todos os esforços do governo Trump para acabar com o mesmo.

Para Riabkov, a Rússia deve ter um "diálogo seletivo" com os Estados Unidos, concentrado apenas nos "temas que interessam" a Moscou. E Irã e o New Start estão entre as prioridades do governo de Vladimir Putin.

"Contenção total"

Para o restante, o país deve manter uma política de "contenção total dos Estados Unidos", afirmou o diplomata, que descartou a possibilidade de a Rússia iniciar contatos com a equipe de transição de Biden.

O presidente russo, Vladimir Putin, já deixou claro que a mudança na Casa Branca não resultará em relações melhores.

Ele foi um dos poucos chefes de Estado, ou de Governo, que esperaram a votação do Colégio Eleitoral em 14 de dezembro para parabenizar o presidente eleito, seis semanas depois das eleições.

Embora Putin tenha afirmado na semana passada, durante sua entrevista coletiva anual, esperar que, com o novo governo americano, consiga resolver "ao menos uma parte dos problemas" entre os dois países, o presidente russo rapidamente voltou a sua retórica usual.

Ele alfinetou os rivais ocidentais, com Washington à frente, ao criticar sua "agressividade" contra uma Rússia "amigável".

 

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