ESTADOS UNIDOS

Confira quais devem ser as primeiras ações de Biden à frente dos EUA

Biden deverá priorizar uma estratégia de combate contra a covid-19, injetar US$ 700 bilhões na economia para viabilizar a retomada do crescimento e resgatar o multilateralismo na política externa

Rodrigo Craveiro
postado em 25/12/2020 06:00
 (crédito: Alex Edelman/ AFP )
(crédito: Alex Edelman/ AFP )

Horas depois de ser eleito o 46º presidente dos Estados Unidos, Joe Biden fez um discurso marcado pela conciliação, pela unificação e pela promessa de uma guinada no comando da maior potência do planeta. Em 20 de janeiro, assim que tomar posse diante do Capitólio e a 2,5km da Casa Branca, Biden levará adiante suas propostas de “restaurar a alma da América”, de “curar” a nação e de abrir os EUA para o mundo. O Correio consultou cientistas políticos sobre as prováveis primeiras ações tomadas pelo democrata. Nos primeiros 100 dias de governo, Biden deverá priorizar uma estratégia de combate contra a covid-19, injetar US$ 700 bilhões na economia para viabilizar a retomada do crescimento e resgatar o multilateralismo na política externa.

“As ações mais imediatas de Biden incluem acelerar o programa de vacinação contra o coronavírus tanto quanto possível e impulsionar um novo projeto de lei para enfrentar o desemprego crescente e o aumento da pobreza. Atualmente, 11% dos norte-americanos estão dentro da linha da pobreza”, afirma James Naylor Green, historiador político e professor da Brown University (em Rhode Island). “A segunda ofensiva dele será, na minha opinião, um grande projeto de lei de infra-estrutura, o qual espera que Pete Buttigieg, nomeado secretário de Transporte, leve adiante no Congresso. Estou otimista de que, quando a maioria dos americanos tiver sido vacinada, no fim do verão, veremos um grande renascimento da economia.”

Para Green, o próximo presidente tentará reverter o maior número de políticas aplicadas por Trump. Além de ordens executivas, Biden dependerá de uma maioria democrata no Senado. O controle da Casa somente ficará claro depois das eleições da Geórgia para o Senado, em 5 de janeiro. “Se os democratas ganharam os dois assentos no Senado, eles contarão com 50 cadeiras contra 50 para os republicanos. Nesse caso, o partido de Biden será capaz de legislar com o apoio da vice-presidente, Kamala Harris, que presidente do Senado tem o poder do voto de Minerva”, comentou o estudioso. “Se os republicanos conquistarem a maioria, farão de tudo para bloquear a agenda legislativa de Biden, como fizeram durante o governo de Barack Obama. Mesmo que Biden insista em ‘passar pelo corredor’ e obter votos republicanos para algumas medidas, os republicanos, intimidados por Trump, dificilmente vão cooperar com os democratas se dominarem o Senado.”

Restauração
Professor de assuntos internacionais da Universidade George Washington (em Washington), Henry R. Nau aposta que a gestão de Joe Biden será uma espécie de “restauração” do governo de Barack Obama. “Cerca de 75% das nomeações para o gabinete de Biden são ‘recauchutagens’ de Obama”, explicou. O estudioso disse esperar que o democrata abrace as instituições internacionais, reinsira os EUA no Acordo do Clima de Paris e no pacto sobre o programa nuclear do Irã e reduza o contingente militar no Oriente Médio e no Afeganistão. “Também há expectativa de que ele se distancie da posição de Donald Trump em relação à China, acene com a retomada da imigração em massa e crie uma atmosfera momentânea de boa vontade, apesar de conseguir fazer muito pouco efetivamente. Na verdade, ele tornará a situação ainda pior na fronteira com o México.”

Robert Alexander, professor de ciência política da Ohio Northern University e autor de dois livros sobre o Colégio Eleitoral, acredita que Biden focará os primeiros meses de trabalho no Salão Oval da Casa Branca em duas medidas. “Ele buscará mitigar a pandemia e tentará desfazer a incerteza econômica no país. Biden terá dificuldades em moldar a opinião pública por causa da forte identificação partidária influenciar as percepções políticas”, avaliou. “Algumas coisas Biden tentará restabelecer. Uma delas é o Acordo do Clima de Paris. Ele provavelmente também trabalhará para contratar grande parte do pessoal diplomático, esvaziado nos últimos anos.”

 


Por James Naylor Green

 

 

 

 

Ponto de vista


Obstáculo
no Congresso

“Joe Biden é um democrata moderado e seu gabinete reflete isso. Um dos principais desafios dele será o de obter apoio dos democratas progressistas. Uma vez que os democratas têm pequena maioria na Câmara dos Representantes, tanto a ala conservadora quanto a fileira progressista do partido terão muito poder para insistir em modificações nas legislações propostas, de forma a apoiarem qualquer projeto de lei. Nancy Pelosi conseguirá permanecer na Presidência da Câmara, mas enfrentará os dois anos mais difíceis de sua carreira para manter o partido coeso.”

Historiador político da Brown University (em Rhode Island)


Por Robert Alexander

 

 

 

 

 

 

O regresso de
“Barack Obama”

“Muitos especialistas sugerem que, a partir de 20 de janeiro, veremos um ‘terceiro mandato’ do governo de Barack Obama. É claro que a pandemia pesará sobre cada decisão a ser tomada por Joe Biden. O êxito do democrata em combater a covid-19 dirá muito sobre o quão bem-sucedido ele será nos primeiros anos de governo.”

Professor de ciência política da Ohio Northern University

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