O alerta partiu de uma mensagem em áudio transmitida de dentro do motorhome (trailer) branco estacionado em frente a um prédio emblemático da companhia telefônica AT&T, apelidado de “Batman Tower” por seu formato. “Se você pode ouvir essa mensagem, saia agora. Há uma bomba. Uma bomba está no veículo e ela explodirá”, afirmou uma voz feminina, antes de iniciar uma contagem regressiva de 15 minutos. A polícia averiguava relatos sobre um tiroteio perto da Second Avenue, no centro de Nashville, capital do Tennessee, quando se deparou com o veículo suspeito e acionou o esquadrão antibombas. Às 6h32 (9h32 em Brasília), o motorhome explodiu. A onda expansiva danificou pelo menos 20 prédios, estilhaçou vidraças, lançou um policial ao chão, feriu pelo menos três pessoas e transformou a região em um cenário de destruição. Segundo a agência Associated Press, restos humanos foram encontrados perto dos destroços do veículo. Não se sabe se seriam do motorista do trailer — o que indicaria provável ato suicida — ou se a alguém que passava pelo local.
Para os investigadores, o fato de a explosão ter ocorrido na manhã do feriado de Natal minimizou danos humanos. As autoridades trabalham com a hipótese de ato internacional e oferecem recompensa de US$ 10 mil (ou R$ 52 mil) a quem repassar informações concretas que levem ao responsável pela explosão. Até o fechamento desta edição, ninguém tinha assumido a autoria do atentado e não se sabia a motivação do ato. O prefeito de Nashville, John Cooper, decretou estado de emergência civil no centro da cidade e impôs um toque de recolher na área da explosão entre 16h30 de ontem (19h30 em Brasília) e 16h30 de amanhã. De acordo com a Casa Branca, o presidente dos EUA, Donald Trump, recebeu informações frequentes sobre a explosão. “O presidente está agradecido pelos incríveis socorristas e ora por aqueles que ficaram feridos”, afirmou o subsecretário de imprensa da Presidência, Judd Dere.
No fim da tarde de ontem, o Departamento de Polícia Metropolitana de Nashville divulgou a imagem do motorhome e revelou que ele chegou ao local da explosão cinco horas antes, à 1h22. Homens da Agência de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF) e do escritório do FBI em Memphis (polícia federal norte-americano) reforçaram a investigação sobre o incidente. Cães farejadores inspecionaram a região da explosão em busca de outros artetafos explosivos. A polícia também levou várias pessoas à delegacia para colher depoimentos.
Testemunhas
O professor Tom Cirillo, 37 anos, vive a 800m do local da explosão. Ele contou ao Correio que dormia, quando foi surpreendido pelo estrondo. “Eu estava em meio a um sono leve. A explosão foi enorme, o barulho mais alto que já ouvi. O prédio tremeu”, afirmou. “Nós tínhamos experimentado um tornado muito forte aqui, em março passado. Isso foi mais barulhento e mais violento. Na hora, pensei tratar-se de um evento climático, mas logo percebi que poderia ser algo elétrico ou terrorismo.”
Cirillo acredita que o ataque visou a AT&T e o sistema de telecomunicações. “Não acho que os autores pensavam em provocar vítimas em massa”, opinou. “Vi vários carros em chamas na Second Avenue, muita fumaça subindo e um grande número de carros dos serviços de emergência.” A explosão levou a Agência Federal de Aviação a suspender os voos do Aeroporto Internacional de Nashville, após o terminal ser afetado por problemas de comunicação. O serviço de telefonia celular foi parcialmente atingido. O acesso ao número de emergência 991 da polícia também acabou comprometido.
O cantor country Buck McCoy acordou com o som de tiros e da explosão, que arrancou as janelas de seu apartamento. “Tudo na rua estava pegando fogo. Três carros foram totalmente consumidos pelas chamas”, afirmou à rede de televisão CNN. Com o celular, McCoy gravou vídeos logo depois da explosão. Nas imagens, era possível ver os focos de incêndio, as fachadas dos prédios destruídas e escutar os gritos de moradores. O músico disse à emissora Fox News que a força da explosão demoliu parte do apartamento e destruiu suas guitarras.
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