A Espanha confirmou quatro casos da variante mais contagiosa do coronavírus recentemente identificada no Reino Unido — o último país europeu a fazê-lo.
As infecções — todas na capital Madri — estão relacionadas a viagens recentes ao Reino Unido, disse o vice-chefe de saúde regional.
França, Dinamarca e Holanda também registraram casos nos últimos dias.
Os detalhes fornecidos há uma semana sobre a nova variante no Reino Unido provocaram restrições a viagens em dezenas de países, inclusive o Brasil.
Os cientistas dizem que a nova variante é consideravelmente mais transmissível do que as cepas anteriores, mas não necessariamente mais perigosa para os infectados.
O vice-chefe de saúde de Madri, Antonio Zapatero, disse que os casos confirmados envolveram três parentes de um homem que voou do Reino Unido na quinta-feira (24/12).
O quarto caso dizia respeito a outro homem, que também tinha viajado do Reino Unido.
Zapatero disse que nenhum dos pacientes estava gravemente doente e que "não havia necessidade para pânico".
Ele acrescentou que havia mais três casos suspeitos da nova variante, embora os resultados dos testes não vão ficar prontos antes de terça ou quarta-feira.
A notícia dos casos na Espanha veio poucas horas depois que a França confirmou seu primeiro paciente portador da nova variante.
O Ministério da Saúde francês disse que a pessoa era um cidadão francês da cidade de Tours, que chegou de Londres em 19 de dezembro.
Segundo a pasta, ele estava assintomático (sem sintomas) e isolado em casa.
Por causa da nova variante, a França chegou a fechar suas fronteiras com o Reino Unido, mas suspendeu o veto na quarta-feira (23/12), condicionando a entrada de viajantes à apresentação de um teste negativo de covid-19.
Milhares de motoristas de caminhão passaram o dia de Natal dentro de seus veículos no condado de Kent, esperando para cruzar o Canal da Mancha.
Outros países também registraram casos da nova variante: na sexta-feira, o Japão confirmou cinco infecções em passageiros que chegaram todos do Reino Unido, enquanto casos na Dinamarca, Austrália e Holanda foram registrados anteriormente.
Na semana passada, a França suspendeu seu lockdown, mas o governo disse que a taxa de infecção não havia caído o suficiente para uma flexibilização das medidas de restrição à circulação de pessoas.
Isso significa que teatros e cinemas permanecem fechados, assim como bares e restaurantes. Um toque de recolher em todo o país está em vigor das 20h às 6h.
O toque de recolher foi suspenso para a véspera de Natal — mas valerá para a véspera de Ano Novo.
A França registrou mais de 2,5 milhões de infecções confirmadas por covid-19 desde o início do surto, com mais de 62 mil mortes — o sétimo país com o maior número de mortes pela doença no mundo (o Brasil é o segundo, com 190,5 mil), segundo dados da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
Enquanto isso, o primeiro lote de vacinas da Pfizer-BioNTech do país foi entregue da Bélgica na farmácia central do sistema de saúde nos arredores de Paris no sábado, informou a agência de notícias AFP.
As primeiras vacinas devem ser administradas a pacientes em duas casas de repouso para idosos — nas cidades de Sevran e Dijon — no domingo.
Nova variante
A nova variante detectada pela primeira vez na Inglaterra em setembro estaria por trás do forte aumento no número de infecções por covid-19 nas últimas semanas em Londres, no leste e no sudeste da Inglaterra.
Cerca de dois terços das pessoas que testaram positivo nessas áreas podem ter contraído a nova variante, estimou o Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês) do Reino Unido, o IBGE britânico.
A nova variante atraiu a atenção dos especialistas por três motivos:
- Está substituindo rapidamente outras versões do vírus
- Tem mutações que afetam parte do vírus provavelmente importantes
- Em testes de laboratório, algumas dessas mutações para aumentar a capacidade do vírus de infectar células
- Como resultado, o vírus pode se espalhar mais facilmente.
No entanto, não há evidências de que a nova variante seja mais perigosa, e as principais vacinas desenvolvidas nos últimos meses ainda devem funcionar.
Reação internacional
Mais de 40 países proibiram todas as chegadas ao Reino Unido no início deste mês.
Os voos do Reino Unido foram suspensos para territórios em todo o mundo, incluindo Brasil, Espanha, Índia e Hong Kong.
Arábia Saudita, Omã e Kuwait foram ainda mais longe, fechando completamente suas fronteiras por uma semana.
Na quarta-feira (23/12), o governo brasileiro decidiu proibir temporariamente voos internacionais que tenham origem ou passagem pelo Reino Unido.
A proibição começou a valer nesta sexta-feira (25/12).
No início da semana, o governo havia decidido manter os voos, mas informou que acompanhava a situação.
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