Acusado de abusar de um de seus enteados em um livro que será lançado nesta quinta-feira, o famoso cientista político francês Olivier Duhamel anunciou nesta segunda-feira (4) a renúncia de todos os seus cargos, incluindo o de presidente da Fundação Nacional de Ciência Política (FNSP).
"Ao ser alvo de ataques pessoais e desejando preservar as instituições em que trabalho, estou encerrando minhas funções", escreveu no Twitter o cientista político, que também apresenta um programa de rádio na Europe 1 e faz crônicas para o canal de televisão LCI.
O jornal Le Monde e a revista L'Obs revelaram nesta segunda trechos da obra da jurista Camille Kouchner, "La Familia grande", onde ela acusa seu padrasto, Duhamel, de ter abusado sexualmente de seu irmão gêmeo quando tinham 14 anos.
"Eu tinha 14 anos, sabia e não disse nada", escreve Kouchner, uma professora de direito de 45 anos, de acordo com detalhes do livro.
Ela e seu irmão são filhos de Bernard Kouchner, ex-ministro e co-fundador da organização Médicos Sem Fronteiras, e da professora de direito Evelyne Pisier (falecida em 2017), que mais tarde se casou com Duhamel.
Em seu livro, Camille Kouchner afirma que as agressões sexuais aconteceram durante vários anos. A obra "mostra até que ponto muitas pessoas sabiam", diz ela em entrevista à L'Obs.
"Claro que pensei que meu livro poderia parecer obsceno devido à notoriedade da minha família. Mas aí eu disse: é exatamente por isso que tem que fazer isso", acrescenta. Procurado pela Le Monde e a L'Obs, Olivier Duhamel indicou que "não tinha nada a dizer" e não quis reagir às alegações. A AFP não conseguiu se comunicar com ele até a tarde de segunda-feira.
A FNSP, responsável pelas orientações estratégicas e gestão administrativa da prestigiada universidade francesa Sciences Po, tomou conhecimento da sua renúncia "por motivos pessoais", segundo mensagem interna consultada pela AFP.
O canal LCI informou à AFP que Duhamel não participará mais de seus programas, enquanto a rede Europe 1 não comentou o assunto.
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