Covid-19

Europa pisa no acelerador com vacinas e China aumenta restrições

A confiabilidade das vacinas anti covid-19 não foi contestada por meios científicos até agora

Correio Braziliense
postado em 08/01/2021 15:01
 (crédito: LOIC VENANCE / AFP)
(crédito: LOIC VENANCE / AFP)

A Europa acelerou na sexta-feira (8) seus programas de vacinação, dobrando os pedidos para as empresas farmacêuticas Pfizer/BioNTech, enquanto a China restringiu a mobilidade de 18 milhões de pessoas, para conter o mais grave surto de coronavírus em seis meses no país.

Diante das críticas levantadas pela lentidão das campanhas de vacinação no continente, a União Europeia prepara a próxima autorização para uma terceira vacina, a da AstraZeneca/ Oxford, depois das da Pfizer/BioNTech e da Moderna.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA), sob grande pressão, disse nesta sexta-feira que vai tomar uma decisão sobre a vacina AstraZeneca/Oxford no final de janeiro.

Ao mesmo tempo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou um acordo com a Pfizer/BioNTech para dobrar seu contrato de pré-compra, de 300 milhões para 600 milhões de doses.

O líder supremo iraniano anunciou, por sua vez, que não confia em nenhuma dessas três vacinas, pois são fabricadas por países ocidentais.

“É proibido importar vacinas fabricadas nos Estados Unidos ou no Reino Unido. Não podemos confiar neles. Não é impossível que queiram contaminar outras nações”, disse o guia supremo, aiatolá Ali Khamenei, em sua conta no Twitter em inglês.

A confiabilidade das vacinas anti covid-19 não foi contestada por meios científicos até agora. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo laboratório alemão BioNTech, sua vacina contra o covid-19 é até eficaz contra uma "mutação chave" das variantes britânicas e sul-africanas do coronavírus.

A Organização Mundial da Saúde pediu aos países que parassem de assinar "acordos bilaterais" com laboratórios produtores.

Segundo o diretor geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, essas compras podem prejudicar seus próprios programas de distribuição para países sem recursos. Os laboratórios, que foram comprometidos por meio de contratos multimilionários com países financiadores, garantem que haverá vacinas para todos.

Cidades chinesas confinadas 

Nas cidades chinesas de Shijiazhuang e Xingtai, na província de Hebei, na fronteira com Pequim, onde vivem cinco milhões de pessoas, os habitantes foram confinados. E, nas vastas áreas rurais que as rodeiam, onde residem mais 13 milhões de pessoas, foram ordenadas a limitar seus movimentos ao máximo, embora não devam respeitar um confinamento total por enquanto.

Em toda região, são realizados testes em massa, e mais de 6,7 milhões de pessoas já foram testadas. Na última semana, 310 casos de covid-19 foram registrados em Hebei.

Desde que o vírus apareceu na cidade de Wuhan no final de 2019, o país registrou 4.634 mortes, a última delas em maio. Enquanto isso, em todo mundo, a pandemia ceifou quase 1,9 milhão de vidas e infectou mais de 88 milhões de pessoas.

- "Sobreviver a janeiro" -
Os números que chegam da América Latina e do Caribe também são preocupantes. No total, a região supera 523.000 mortes e 16 milhões de infecções.

A agência reguladora de saúde brasileira anunciou que recebeu formalmente nesta sexta-feira o pedido de autorização para uso emergencial da vacina chinesa CoronaVac, a primeira a ser realizada no país.

No Brasil, o segundo país mais atingido pela pandemia, o coronavírus já matou mais de 200 mil pessoas e continua avançando. Na quinta-feira, 1.524 pessoas morreram, o segundo pior balanço desde o início da crise. Mais de 87.000 infecções também foram registradas, um recorde absoluto.

Em Manaus, uma das cidades mais atingidas durante os primeiros meses da pandemia, repetem-se as imagens de hospitais lotados e de caminhões frigoríficos habilitados para guardar os corpos esperando para serem enterrados.

"Não sei como vamos sobreviver a esse mês de janeiro", disse Paulo Lotufo, professor de epidemiologia da Universidade de São Paulo (USP).

"A gente lamenta, hoje estamos batendo 200 mil mortes [...] mas a vida continua. A gente lamenta profundamente", afirmou o presidente Jair Bolsonaro em sua "live" semanal no Facebook, reiterando as críticas ao confinamento social.

"Não adianta apenas continuar aquela velha história de 'fica em casa que a economia a gente vê depois'. Isso não vai dar certo", continuou o presidente. "Não podemos nos transformar num país de pobres, um país de desempregados".

A saturação hospitalar não é um problema apenas nos países em desenvolvimento.

O prefeito de Londres alertou que em breve seus hospitais poderão ficar saturados com o forte aumento de pacientes com covid-19 no Reino Unido, que, com 1.325 mortes registradas em 24 horas, bateu recordes desde o início da pandemia.

O México também registrou um recorde diário de infecções por covid-19 na quinta-feira: 13.734 casos confirmados nas últimas 24 horas, um aumento sem precedentes.

O México soma quase 1,5 milhão de infecções e mais de 131.000 mortes desde fevereiro. É o quarto país do mundo mais atingido pelo vírus.

"Podia ser um deles" 

Nos Estados Unidos, 3.998 mortes por covid-19 foram registradas na quinta-feira, um número recorde, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. Além disso, mais de 265.000 novos casos no dia foram reportados.

O número de pessoas hospitalizadas também é o maior desde o início da pandemia, com mais de 132.000 pacientes.

O país, o mais atingido pelo vírus, com mais de 365 mil mortes e 21,5 milhões de infecções, registra uma situação preocupante nas regiões sul e oeste.

Os números em Los Angeles são especialmente assustadores: um em cada 12 cidadãos já foi infectado, e um em cada cinco que faz um teste de diagnóstico é positivo.

"É difícil (...) A gente vê famílias inteiras adoecerem de repente, todas ao mesmo tempo", lamenta Vanessa Arias, enfermeira do Hospital Martin Luther King Jr. "Eu podia ser um deles. É muito triste quando as pessoas morrem", desabafa.

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