Política

Biden escolhe diplomata William Burns como chefe da CIA

Burns passou mais de três décadas no corpo diplomático americano

Correio Braziliense
postado em 11/01/2021 11:18 / atualizado em 11/01/2021 13:28
 (crédito: JIM WATSON / AFP)
(crédito: JIM WATSON / AFP)

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta segunda-feira (11) a nomeação como chefe da Agência Central de Inteligência americana (CIA) de William Burns, um diplomata aposentado que ajudou a manter negociações secretas com o Irã.

Junto com Avril Haines, escolhida como coordenadora de Inteligência nacional, este diplomata de carreira de 64 anos, que serviu em presidências democratas e republicanas, terá a difícil tarefa de virar a página do governo Donald Trump.

O presidente republicano desprezou, e até contradisse, suas agências de Inteligência, negando ou minimizando, por exemplo, a interferência russa nas eleições de 2016, nas quais chegou à Casa Branca.

Ele também foi acusado de querer politizar essas instituições, colocando seus fiéis à frente.

Se confirmado pelo Senado, William Burns se tornará o primeiro diplomata de carreira a chefiar a CIA, a poderosa agência de contraespionagem dos Estados Unidos com 21.000 funcionários.

Ele não é político, nem militar, nem membro da elite da Inteligência, como a maioria de seus antecessores.

Burns passou mais de três décadas no corpo diplomático americano. Durante esse período, foi embaixador na Rússia entre 2005 e 2008 e ocupou cargos importantes no Departamento de Estado.

"Bill Burns é um diplomata exemplar com décadas de experiência no cenário mundial mantendo nosso povo e nosso país sãos e salvos", disse Biden em um comunicado.

"Ele compartilha minha profunda convicção de que a Inteligência deve ser apolítica", acrescentou o presidente eleito, que assumirá o cargo em 20 de janeiro.

Burns sucederá a Gina Haspel, diretora da CIA desde 2018, que por sua vez substituiu Mike Pompeo, um dos maiores partidários de Trump, quando o presidente republicano o nomeou secretário de Estado.

Após 33 anos de carreira, Burns deixou a diplomacia em 2014, antes de presidir o Fundo Carnegie para a Paz Internacional, um think tank dedicado às relações internacionais com sede nos Estados Unidos.

Burns é o segundo vice-secretário de Estado do ex-presidente democrata Barack Obama (2009-2017) a se juntar à equipe de segurança nacional de Joe Biden, depois de Antony Blinken, que assumirá a liderança na diplomacia.

O nome de Burns estava sendo considerado como possível secretário de Estado de Biden, dada sua longa experiência com o Irã.

Ele esteve envolvido nas negociações secretas realizadas entre 2011 e 2012, as quais abriram caminho para o posterior acordo sobre o programa nuclear iraniano assinado em 2015 por Teerã e por grandes potências ocidentais (Estados Unidos, China, Rússia, Alemanha, França e Reino Unido).

Donald Trump abandonou o pacto em 2018, julgando-o insuficiente, e posteriormente restabeleceu e reforçou as sanções dos Estados Unidos contra o Irã.

Joe Biden prometeu voltar ao acordo e suspender as sanções, com a condição de que Teerã reaplique as restrições ao seu programa nuclear. Em retaliação à "pressão máxima" exercida por Washington, os iranianos foram se afastando de seus compromissos firmados no pacto.

"A estratégia de pressão máxima do governo Trump foi bastante insana", disse Bill Burns durante uma conferência em outubro, antes da eleição presidencial nos Estados Unidos, saudando a posição "razoável" do então candidato democrata.

Antes, porém, alertou que o retorno ao acordo era "muito mais fácil falar do que fazer", devido aos "danos causados nos últimos anos".

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